O culto dos Cananeus, tal qual o podemos reconstituir segundo as figurinhas de metal e argila, concentrava-se sobre dois pares de divindades: El e Athirat, soberanos do outro mundo, e Baal e Anat, soberanos deste mundo. De qualquer modo, a cidade de Ugarit acolhia os templos de Baal e Dagão, e provavelmente outros. Os grandes templos, possuindo locais de reunião e depósitos de óleo e vinho, deixaram mais vestígios do que os pequenos santuários dos cultos populares. O rei e a rainha presidiam ao culto de Estado e participavam ativamente nos rituais, festas e orações para assegurarem a proteção divina da cidade. Os padres (khnm, que corresponde ao hebreu kohanim) e os funcionários religiosos chamados qdshm eram nomeados para os templos e cerimônias do culto, que compreendiam oferendas, sacrifícios, purificações e as atenções para com a estátua da divindade. Outros especialistas ocupavam-se do culto dos mortos, que tinha como centro uma cerimônia orgiástica. Os funerais eram acompanhados de um banquete que supostamente acalmava os mortos. Havia padres cuja função era divinatória: eles exerciam-na sobre os moldes gravados de fígados em argila, como os encontrados em Mari, na Mesopotâmia. As pessoas em geral tinham provavelmente acesso à magia e às invocações propiciatórias. (Eliade)