DA’WAH (apelo, invocação)
Trata-se de um método de encantação muito secreto mas considerado como lícito na tradição islâmica, que se baseia sobre toda uma teologia simbólica das letras. As tabelas de Jawashiru’l-Khamsah, tratado do xeque Abul-Muwwayid, do Gujarate, indicam as correspondências que constituem a chave dessa ciência. Regras minuciosas dizem respeito ao regime alimentar que devem observar, às abluções que devem fazer tanto o exorcista, que as põe em prática, quanto o esoterista, que nelas se Inspira na sua meditação. Devem igualmente respeitar as leis de uma estrita moralidade. Todo o sistema repousa sobre a relação considerada como existente entre as letras do alfabeto árabe, os atributos divinos, os números, os quatro elementos, os sete planetas e os doze signos do Zodíaco. Todo componente de uma série deve ter seus correspondentes nas séries paralelas. Durante a encantação, segundo o caso, perfumes diversos são queimados (Tabelas segundo HUGD, na palavra Da’wah; v. PP. 278-279).
Não seria possível encontrar ilustração mais completa do famoso soneto de Baudelaire:
A Natureza é um templo onde pilares vivos
Deixam, por vezes, escapar confusas palavras;
O homem por aí passa atravessando florestas de símbolos
Que o observam com o olhar de velhos conhecidos.
O Da’wah é, talvez, a mais extensa malha existente de correspondências simbólicas. Quem o domina dispõe de um poder quase divino sobre o universo. Quem possui o arcano das letras detém as chaves da criação. O Da’wah pode, igualmente, simbolizar aquilo que a lógica moderna entende por sistêmica ou por pensamento complexo. (DS)