enquadramentos

VIDE labirinto

Exemplo notável, do ponto de vista do simbolismo dos “enquadramentos”, é fornecido por certos caracteres chineses, primitivamente relacionados aos ritos de fixação ou estabilização (tais ritos correspondem evidentemente a um caso particular do que no hermetismo é designado por “coagulação”), que consistiam em traçar círculos concêntricos ou uma espiral ao redor dos objetos. O carácter heng, que designa tal rito, era, na antiga escrita, formado de uma espiral ou dois círculos concêntricos entre duas linhas retas. No mundo antigo, as novas fundações, quer se tratassem de acampamento, cidades ou vilas, eram “estabilizadas” com o traçado de espirais ou círculos ao seu redor e acrescentaremos que é possível ver nisso identidade real entre os “enquadramentos” e os labirintos. A propósito do carácter chieh, que os comentaristas recentes traduzem simplesmente por “grande”, o autor que acabamos de citar afirma denotar a magia que assegura a integridade dos espaços ao “enquadrá-los” com sinais protetores; tal é a finalidade das cercaduras das antigas obras de arte. Um chieh-fu é uma bênção que foi direta ou simbolicamente “enquadrada” dessa forma; um flagelo pode também ser “enquadrado” para impedir que se espalhe. Aqui também se trata explicitamente só de “magia”, ou do que se supõe que o seja; mas a ideia de “fixação” ou “estabilização” mostra de forma bastante clara do que consiste no fundo: trata-se da função que o “quadro” tem em essência, tal como dissemos antes, de reunir e manter em seu lugar os diferentes elementos que ele cerca. Além disso, aparece em Lao-tsé passagens em que figuram os caracteres em questão e que são muitos significativos a esse respeito: “Quando se faz de modo a enquadrar (ou circunscrever, ying, caractere que evoca uma ideia semelhante a de heng) os sete espíritos animais e abranger a Unidade, pode-se ser fechado, estanque e incorruptível”; e, em outra parte: “Graças a um conhecimento convenientemente enquadrado (chieh), andamos no mesmo piso do grande Caminho”. No primeiro desses dois casos trata-se evidentemente de estabelecer ou manter a ordem normal dos diferentes elementos constitutivos do ser, a fim de unificá-los; no segundo, um “conhecimento bem enquadrado” é na verdade um conhecimento em que cada coisa está colocada exatamente no lugar que lhe convém. Quanto ao mais, a significação cósmica do “quadro” “não desaparece de modo algum em tal caso; de fato, não é o ser humano, segundo todas as concepções tradicionais, o “microcosmo”? E não deve também o conhecimento compreender de uma certa forma a totalidade do Cosmo? (Guénon)

Terminologia