O esoterólogo estuda um assunto que tem uma lógica A para os leitores que têm uma lógica B: o que fazer? Qual linguagem convém? E preciso escolher um em detrimento do outro, explicar um e depois o outro? No caso da astrologia, deveremos, como os astrólogos, contar Sol e Lua entre os planetas ou, como os astrônomos, colocá-los à parte na qualidade de luminares? R. Abellio notou muito bem essa dificuldade. “A linguagem habitual segue as formas da causalidade linear: tal causa, tal efeito, ao passo que eu tento, ao contrário — já que posso —, colocar-ME no quadro da dialética esférica da ‘estrutura absoluta’ (…). A experiência tem ME mostrado que a comunicação entre esses dois modos de pensamentos, que implicam duas ‘lógicas’ inconciliáveis, é quase impossível”. (L’Originel n. 6, verão de 1978, p. 22) Steiner também ressentiu-se tragicamente com essa situação. Ele se encontrava aflito entre seu interesse científico pelas ciências e o conteúdo de seu conhecimento, que se originava de uma percepção, de uma experiência espiritual. Daí as dificuldades encontradas quando estudou Goethe: “A exposição das ideias científicas de Goethe, que redigi para uma Introdução à Littérature nationale (Literatura nacional) de Kürschner, ME tomou muito tempo. (…) A dificuldade de escolha entre uma terminologia científica ou mística explica esse atraso”. (Autobiographie — Autobiografia —, trad., Éditions Anthroposophiques Romandes, 1973, t. I, p. 179) A lógica exotérica baseia-se na oposição do objeto e do sujeito, enquanto a lógica esotérica baseia-se na homología do homem e do mundo. A lógica exotérica tem o homem por estranho ao mundo, ela observa o saber como uma construção intelectual, cerebral, adquirida no curso da História por meio de grandes esforços; a lógica esotérica estima que “o semelhante conhece o semelhante” e que “o contrário conhece o contrário” porque “tudo está em tudo”, “o microcosmo resume o macrocosmo”. Daí surge a ambiguidade do vocábulo ‘simbolismo’. A lógica exotérica tem por escrita ideal uma linguagem simbólica, simbólica no sentido de arbitrária e matemática; a lógica esotérica deseja utilizar, por sua vez, uma linguagem simbólica no sentido primário: uma linguagem natural, que estabeleça as relações não convencionais entre o significante e o significado. Essa distinção de lógica exige uma escolha de método. Seguindo-se a linguagem e a lógica exotéricas para o esoterismo, arrisca-se o erro; seguindo-se a linguagem e a lógica esotéricas para o esoterismo, arrisca-se a paráfrase; seguindo-se tanto a linguagem e a lógica exotéricas como a linguagem e a lógica esotéricas, arrisca-se o discurso confuso. O esoterólogo vê-se dentro de uma grande contrariedade. O domínio onde o distanciamento entre pensamento exotérico e pensamento esotérico aparece mais nitidamente não é aquele da teologia ou da filosofia: em resumo se observa uma gradação insensível. O distanciamento é muito mais nítido nas técnicas, nas artes, e, acima de tudo, na medicina. (Riffard)
lógica esotérica
TERMOS CHAVES: esoterismo