mundo

Gr. kosmos, ordem, adorno, mundo (78); ho archôn tou kosmou (toutou), o chefe deste mundo/desta ordem (3).

I. Significado. Das várias acepções de kosmos no gr. clássico e na LXX encontram-se em Jo as seguintes:

a) O mundo físico, o universo (Jo 17,5.24), a terra, lugar onde habita a humanidade (Jo 11,9; 21,25).

b) A humanidade que habita o mundo (Jo 1,9.10.29;3, 16.17.19;4,42;6,14.33.51; 8,12;9,5;10,36; 11,27; 12,46.47; 16,21.28; 17,18.21.23; 18,20.37), conotando com frequência sua necessidade de salvação (Jo 1,29;3,17 etc.).

c) Grupo humano numeroso: “todo o mundo” (Jo 12, 19; 14,27).

d) A humanidade enquanto estruturada em ordem sócio-religiosa inimiga de Deus: “o mundo/esta ordem” (Jo 7,4.7; 8,23.26;9,39;12,25.31;13,1 (dupla acepção, local e social); 14,17.19.22.30.31; 15,18.19; 16,8.11,20.33; 17,6.9.11 (dupla acepção); 17,13 (dupla acepção); 14,15.16.25;18,36) (-* Céu II).

“O chefe do mundo” (Jo 14,30) ou “desta ordem” (Jo 12, 31; 16,11) é personificação do círculo de poder que rege “o mundo”, em sua acepção da ordem sociopolítica injusta onde se enquadram os homens.

Este mundo ou ordem injusta tem duplo aspecto: o primeiro, dinâmico, enquanto sujeito que odeia e persegue (Jo 7, 7;15,18ss); designa o círculo de poder (os dirigentes judeus), personificados em “o chefe do mundo/desta ordem” (Jo 12,31; 14,30; 16,11). O segundo aspecto é estático, e significa o âmbito social submetido ao poder do “mundo”, composto por homens que lhe dão adesão (Jo 8,23;15,19;17,6. 14.16), como “o pessoal” de Jesus (Jo 7,6s) (Irmão II); corresponde a “o que é daqui de baixo”, por oposição a “o que é de cima” (Jo 8,23) (Céu II). É o âmbito das “trevas”. (VTESJ)


O mundo é como uma linguagem divina àqueles que sabem compreendê-la: Caeli enarrant gloriam Dei (Salmos 19,2). Desse modo, o filósofo Berkeley estava certo ao afirmar que o mundo é “a linguagem que o Espírito infinito fala aos espíritos finitos”, todavia, não tinha razão ao acreditar que essa linguagem é apenas um conjunto de sinais arbitrários, já que, na realidade, nada existe de arbitrário, mesmo na linguagem humana, onde toda significação deve ter na origem, seu fundamento em alguma conveniência ou harmonia natural entre o signo e a coisa significada. (Guénon)

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