símbolo

O símbolo sugere, é sintético e não discursivo como a linguagem comum. Não expressa como esta, mas tem mais possibilidades que as palavras de transmitir conceitos pela penetração intelectual que exige.


A verdadeira linguagem da metafísica é o símbolo. Esta serve como ponto de sustentação sensível para dar a entender o inexpressável. O símbolo é o apoio indispensável para poder elevar-se ao espiritual, e isto é lógico a não ser o homem, em sua condição de tal, intelecto puro. Por isto necessita a base manifestada para chegar ao inteligível.


O símbolo é muito mais do que um simples signo ou sinal: transcende o significado e depende da interpretação que, por sua vez, depende de certa predisposição. Está carregado de afetividade e de dinamismo. Não apenas representa, embora de certo modo encobrindo, como — também de um certo modo — realiza e anula ao mesmo tempo. Afeta estruturas mentais. Por isso é comparado a esquemas afetivos, funcionais e motores, com a finalidade de demonstrar que, de certa maneira, mobiliza a totalidade do psiquismo. A fim de assinalar seu duplo aspecto representativo e eficaz, poderíamos qualificá-lo, facilmente, de eidolo-motor. O termo eidolon mantém-no, em relação à representação, no nível da imagem e do imaginário, em vez de situá-lo no nível intelectual da ideia (eidos). Isso não quer dizer que a imagem simbólica não provoque nenhuma atividade intelectual; permanece, contudo, como centro ao redor do qual gravita todo o psiquismo que ela põe em movimento. Quando o desenho de uma roda num boné indica que a pessoa é um empregado de ferrovias, a roda não passa de um signo ou sinal; quando usada, porém, em relação ao Sol, aos ciclos cósmicos, aos encadeamentos do destino, às casas do Zodíaco, ao mito do eterno retorno, é uma coisa completamente diferente, pois adquire o valor de símbolo. Mas, ao afastar-se do significado convencional, abre caminho à interpretação subjetiva. Com o signo, permanece-se num caminho seguro e contínuo: o símbolo supõe uma ruptura de plano, uma descontinuidade, uma passagem a uma outra ordem; introduz a uma ordem nova, de múltiplas dimensões. Complexos e indeterminados — se bem que dirigidos num certo sentido —, os símbolos são também chamados de sintemas ou de imagens axiomáticas. [DS]

Simbolismo