Se alguém objetar: “Dizes que teu conhecimento de ti mesmo é conhecimento de Allah – exaltado seja! Mas aquele que conhece a si mesmo é diferente de Deus. Mas como pode aquele que é diferente de Allah conhecer Allah? Como pode alcançá-Lo?
Aquele que conhece a si mesmo sabe que seu ser não é nem seu ser nem outro que não seja seu ser, mas que é o próprio Ser de Allah, sem que seu ser tenha que “tornar-se” (sayrūra) o Ser de Allah, penetrar em Allah ou emergir dEle, estar “com” Ele ou “nEle”. Vê seu ser como era antes de ser, sem que haja qualquer necessidade de “extinção”, “apagamento” ou “extinção da extinção”; pois a extinção de uma coisa implica que ela era antes, e isso, por sua vez, implica que ela existe por si mesma e não em virtude do Poder (qudra) de Allah: agora isso é manifestamente uma pura impossibilidade. Segue-se claramente que o conhecimento que o gnóstico tem de si mesmo não é outra coisa senão o conhecimento que Allah tem de si mesmo, sendo que o si do gnóstico não é outro senão Ele.