P: U.G., gostaria de sondar a própria essência de sua afirmação revolucionária e intransigente de que não existe alma.
R: Não há si, não há eu, não há espírito, não há alma e não há mente. Isto elimina toda a lista, e você não tem como descobrir o que lhe resta. Você pode muito bem ME fazer a seguinte pergunta: “Por que você continua contando às pessoas sobre a maneira como está funcionando?” É apenas para enfatizar que há séculos estamos usando algum instrumento, ou seja, o pensamento ou a mente, ou como queira chamá-lo, para nos libertarmos de tudo o que você chama de “eu” ou “si”, e todos os tipos de coisas. É disso que se trata toda a busca do espírito. Mas quando você se dá conta de que não há nada do que se libertar, essas questões não surgem mais. Como isso aconteceu comigo, não tenho como descobrir por mim mesmo.
P: O que você está tentando dizer é que existe apenas o corpo físico e nada mais. É isso mesmo?
R: Mesmo essa afirmação não pode ser experimentada pelo que é deixado aí. Quando tudo isso é eliminado de seu sistema, a afirmação: “Só nos restam o corpo físico e o universo” – essa afirmação também não se sustenta mais.
P: Mas eu quero sondar isso….
R: Quanto mais perguntas você ME faz, mais há necessidade de enfatizar o aspecto físico de nossa existência, ou seja, que não há nada no que fomos levados a acreditar. Todos os nossos problemas surgiram por causa de nossa aceitação de que é possível entendermos a realidade do mundo ou a realidade de nossa existência.
O que estou dizendo é que você não tem como vivenciar algo que não conhece. Portanto, qualquer coisa que você experimente com a ajuda do seu conhecimento é infrutífera. É uma batalha perdida.
P: Quero dizer que existe apenas o corpo físico real e o mundo como ele é.
R: Essa é a razão pela qual eu digo que o instrumento que estamos usando para compreender a realidade de nossa existência e a realidade do mundo ao nosso redor não faz parte desse mecanismo (do corpo) que existe. Essa é a razão pela qual digo que os pensamentos não são autogerados e não são espontâneos. Não há pensamentos nem mesmo agora. Se você quiser descobrir se existe algo como o pensamento, a própria pergunta que estamos fazendo a nós mesmos, a saber, “Existe um pensamento?”, nasce da suposição de que existe um pensamento. Mas o que você encontrará aí é tudo sobre o pensamento e não o pensamento. Tudo sobre o pensamento é o que é colocado aí pela cultura. Isso é colocado pelas pessoas que nos dizem que é muito essencial que você se liberte de qualquer coisa da qual esteja tentando se libertar por meio desse instrumento. Meu interesse é enfatizar que esse não é o instrumento, e não há outro instrumento. E quando você perceber que o pensamento não é o instrumento e que não há outro instrumento, não haverá necessidade de descobrir se é necessário outro instrumento. Não há necessidade de nenhum outro instrumento. Essa mesma estrutura que estamos usando, o instrumento que estamos usando, inventou, de forma muito engenhosa, todos os tipos de coisas como intuição, insight correto, isso, aquilo e aquilo outro. E dizer que por meio desse insight chegamos a entender algo é uma pedra de tropeço. Todos os insights, por mais extraordinários que sejam, são inúteis, porque foi o pensamento que criou o que chamamos de insight e, por meio dele, está mantendo sua continuidade e status quo.