O princípio fundamental da Unidade do Ser, natural tanto para o pensamento neoplatônico quanto para o movimento sufi, adquire em Ibn Arabi alguns perfis, se não originais, então os mais definidos dentro do neoplatonismo sufi, ainda mais quando a Unidade do Ser (al-wahdat al-wuyud) já era sinônimo, por séculos, do conceito alcorânico da Unidade Divina (al-tawhld) manifestado na fórmula dogmática da Shahada: Há apenas um Deus e Muhammad é Seu Profeta (La Allah ‘illa Allah wa Muhammad rasul Allah). Deus, portanto, é a Realidade Absoluta, um Princípio universal e transcendente, incondicionado por qualquer coisa, cuja única essência é Sua necessidade radical e unitária de ser. Entretanto, a Unidade Divina pode ser vista sob duas perspectivas fundamentais: como Unidade estrita (al-ahadiyya) e como Unidade (al-wahidiyya). Como uma Unidade estrita, Deus não pode ser objeto de nenhuma determinação e Seu ser não admite nenhuma qualificação, da maneira que as coisas concretas e os atos humanos podem ter; não há, portanto, nenhuma distinção real, material ou formal Nele, nem mesmo a distinção nominal de essência e existência. Como Unidade, ao contrário, Ele é a causa da unidade e da determinação de toda a criação. Deus, portanto, pode ser considerado tanto em Si mesmo quanto no Cosmos. [MCHHPMI]