“Eu sou a Mente na qual o mundo aparece”, comentou a coruja para o coelho.
“É mesmo?”, respondeu o coelho, mordiscando um dente-de-leão suculento e girando-o no canto da boca. “Essa ideia não me ocorreu.”
“É”, continuou a coruja, “e pensamentos não são peixes para serem capturados por animais ou homens”.
“Por que isso?”, perguntou o coelho.
“Eles não são objetos”, afirmou a coruja com um estalo de seu bico.
“Então o que são? Sujeitos?”
“Tal sujeito seria um objeto.”
“Por que isso?”
“Porque você assim o faz.”
“Então os pensamentos podem se pegar a eles mesmos?”
“Os peixes podem?”, respondeu a coruja.
“Então quem pode pegá-los?”, perguntou o coelho.
“O perguntador é a resposta.”
“Como comumente!”
“Como sempre.”
“E quem é esse?”
“A Mente na qual o universo aparece”, disse a coruja severamente.
“E o que é isso?”, perguntou o coelho.
“Eu sou”, anunciou a coruja, “mesmo que você diga isto!”