“Eu sou este-eu-sou”, disse a coruja, “absolutamente eu, desprovido de qualquer qualidade objetiva”.
“É isso mesmo?”, farejou o coelho, torcendo o nariz.
“Objetivamente, eu sou tudo e o que quer que apareça no espelho da minha mente, o que absolutamente eu sou.”
“Você não se parece nem um pouco com isso”, comentou o coelho.
“Você só está olhando para o que vê”, respondeu a coruja; “você está olhando da direção errada, como sempre”.
“Só consigo ver o que está à minha frente e, ao me virar, o que está atrás.”
“É isso mesmo, é isso mesmo”, respondeu a coruja, “e você não vê nada além do que não está aí!”
“Então onde estão?”, perguntou o coelho.
“Dentro, dentro”, assegurou a coruja. “Tudo está aí dentro. Você verá!”, acrescentou, batendo o bico e erguendo as asas majestosamente, pronta para dar um salto.