Sou onde nenhuma coisa é.
Isso quer dizer que:
Sou onde coisas, que não são de fato “coisas”, e assim são não-coisas — não são.
Essa é a dupla negativa do Shen Hui, tão claramente quanto pode ser expressa em palavras.
Vamos dizer isso com um pronome:
O que sou eu?
Eu sou o que nenhuma coisa é.
Isso quer dizer:
Eu sou o que qualquer coisa, que nunca é de fato uma “coisa”, e assim é não-coisa — não é.
Não sei se é possível apontar mais diretamente para o que somos.
Nota: É claro que, em vez da palavra geral “coisa”, podemos dizer “objeto”, “dharma”, “fenômeno”: todos descrevem os constituintes do universo conceitual no qual todos os fenômenos aparecem.
Nessa simples afirmação, em termos comuns, sujeito e objeto, númeno e fenômeno, não estão mais separados: o que eu sou é o que cada um é e o que ambos são quando não são nenhum dos dois.