União intelectiva e união sexual
O Intelecto, as faculdades mentais, as faculdades sensoriais, aí compreendida a sensibilidade sexual, são tantos aspectos deste prodígio “naturalmente sobrenatural” que é a subjetividade. Esta comporta dois cumes ou dois diapasões, um intelectual e um vital: a união intelectiva e a união carnal; costuma-se qualificar a segunda de “animal”, o que, bem entendido, só tem sentido na condição de retirar da ideia de animalidade seu sentido pejorativo e de a tornar neutra como as noções de vida e de consciência1. Em realidade, o que partilhamos com os animais é ao mesmo tempo animal e humano; a sexualidade, principalmente, é anima nos animais, e humana nos homens, Dizer que ela é humana significa praticamente que ela exige a espiritualização, logo a interiorização e a sacramentalização; a sexualidade humana e especificamente e pejorativamente animal quando o homem assim o deseja, mas não no quadro do realmente humano, que é espiritual2.
É curioso notar que são precisamente estes dois diapasões, a união intelectiva e a união sexual, que um certo moralismo religioso tem em suspeita ou que condena, segundo o caso; o que indica ao contrário a relação, paradoxal mas real, entre os cumes da inteligência e da vida. ↩
Em clima cristão, a questão sexual é espinhosa porque o cristão tem dificuldade em compreender que se possa abordar este assunto sem aí ter um interesse pessoal; o que nos obriga a salientar, para todos os fins úteis, que disto falamos porque a natureza das coisas aí nos incita e não para defender uma causa qualquer; nossa vocação sendo a espiritualidade, tudo o que é humano é nosso. ↩