Spira: Tempo e Memória

Original

It is often said that time is an illusion, but if I look back at my life, memories seem to validate the existence of time.

Memory seems to validate time, but if we look at it closely we see that it in fact validates the timeless, changelessness of Consciousness.

Memory creates the appearance of time, in which objects are considered to exist independently from one another, and through which they are considered to evolve.

However, we have no experience of a past that stretches out indefinitely behind the ‘present moment.’ And we have no experience of a ‘present moment’ rolling forever forward into the future.

The idea that time is like a container, that houses all the events of our lives is in fact a temporal representation of Consciousness, in the mind.

And likewise, the idea that space is like a container, that houses all the objects in the world is a spatial representation of Consciousness, in the mind.

Events do not appear in time and objects do not appear in space. They both appear in Consciousness.

When an object, which is simply an appearance in Consciousness, is present, its subsequent recollection is obviously not yet present. It is non-existent. And likewise when the recollection, which is simply a thought in Consciousness, takes place, the original object is no longer present. It is non-existent.

In other words, two objects cannot appear in Consciousness at the same time. When one is present the other is not, and vice versa.

How then can a non-existent object be remembered? It cannot. An object is never remembered.

It is in fact a third thought which apparently connects the second thought, the recollection, with the first thought, the object. And when that third thought is present, neither the object nor its recollection are present. This third thought is therefore a concept that does not relate to an experience.

Time and memory are apparently created with that third thought, but have no existence apart from that thought.

At the same time we have a deep conviction that the experience of the first object is somehow still present in the form of a memory, that the experience was not entirely lost. Yes! That which was truly present then is truly present now. Consciousness! The object borrows its apparent Reality, its apparent continuity, from Consciousness.

Nothing is ever lost. That which took the shape of the object then, is taking the shape of its ‘recollection’ now.

However, the idea of ‘then’ collapses with this understanding, and with it the idea of ‘now,’ because these two ideas depend on one another.

Therefore time and memory as such are never experienced. The apparent continuity of an object, which memory seems to validate, is in fact the continuity of Consciousness.

It is the ever-present Now.


Tradução

Frequentemente se diz que o tempo é uma ilusão, mas olho para trás em minha vida, memórias parecem validar a existência de tempo.

A memória parece validar tempo, mas se olhamos de perto para ela vemos que ela de fato valida a intemporalidade, imutabilidade da Consciência.

A memória cria a aparência de tempo, na qual objetos são considerados existir independentemente um do outro, e através dos quais são considerados evolver.

Entretanto, não temos nenhuma experiência de um passado que se estende indefinidamente para trás do “momento presente”. E não temos nenhuma experiência de um “momento presente” estirando para sempre em direção ao futuro.

A ideia que o tempo é como um container, que abriga todos os eventos de nossas visas é de fato uma representação temporal da Consciência, na mente.

E similarmente, a ideia que o espaço é como um container, que abriga todos os objetos no mundo é uma representação espacial da Consciência, na mente.

Eventos não aparecem no tempo e objetos não aparecem no espaço. Ambos aparecem na Consciência.

Quando um objeto, que é simplesmente uma aparição na Consciência, está presente, sua subsequente relembrança obviamente ainda não está presente. É não-existente. E similarmente quando a relembrança, que é simplesmente um pensamento na Consciência, tem lugar, o objeto original não está mais presente. É não-existente.

Em outras palavras, dois objetos não podem aparecer na Consciência ao mesmo tempo. Quando um está presente o outro não está, e vice-versa.

Como então pode um objeto não-existente ser relembrado? Não pode. Um objeto nunca é relembrado.

É de fato um terceiro pensamento que aparentemente conecta o segundo pensamento, a relembrança, com o primeiro pensamento, o objeto. E quando esse terceiro pensamento está presente, nem o objeto nem sua relembrança estão presentes. Este terceiro pensamento é portanto um conceito que não se relaciona a um experiência.

Tempo e memória são aparentemente criados com esse terceiro pensamento, mas não têm existência aparte desse pensamento.

Ao mesmo tempo temos a profunda convicção que a experiência do primeiro objeto está de algum modo ainda presente na forma de uma memória, que a experiência não foi inteiramente perdida. Sim! Isso que estava verdadeiramente presente então está verdadeiramente presente agora. Consciência! O objeto empresta sua aparente Realidade, sua aparente continuidade, da Consciência.

Nada é jamais perdido. Isso que toma a forma do objeto então, está tomando a forma de sua “relembrança” agora.

Entretanto, a ideia do “então” colapsa com esta compreensão, e com ela a ideia do “agora”, porque estas duas ideias dependem uma da outra.

Portanto tempo e memória como tais nunca são experienciados. A continuidade aparente de um objeto, que a memória parece validar, está de fato na continuidade da Consciência.

É o sempre-presente Agora.

Rupert Spira