Corbin (Irã) – Uma liturgia xiita do Graal

O ritual do cálice

Devemos começar relembrando a pesquisa que recentemente nos levou de volta a um texto que há muito tempo estava reservado e cuja tradução sentimos que seria, para nós, o melhor tributo a prestar, neste volume jubilar, ao nosso colega e amigo, porque esse texto está enraizado na gnose do Islã. Nada relacionado à gnose é estranho ao nosso amigo H.-C. Puech, e todo pesquisador da gnose tem para com ele uma dívida de gratidão, de uma forma ou de outra.

Nossa atenção foi atraída para o “ritual do cálice”, cuja tradução será lida a seguir, pela preparação de uma coleção de sete tratados persas sobre fotowwat. Sem poder insistir aqui no significado dessa palavra árabe e de seu equivalente persa (javânmardî), digamos resumidamente que o conceito que melhor expressa seu aspecto tradicional é o de “cavalheirismo espiritual”. Em sua forma tradicional, fotowwat significa um estado intermediário entre o do sufi e o do simples devoto. Tem raízes profundas no xiismo e, de forma mais ampla ainda, no esoterismo do Islã. Muito antes de nós, essa cavalaria islâmica já havia sido comparada aos nossos Cavaleiros Templários, e foram feitas perguntas sobre possíveis contatos. Tanto simbólico quanto operacional, o fotowwat incluía um ritual de companheirismo, presente no nascimento de sociedades comerciais semelhantes às dos “Compagnons du Devoir” no Ocidente.

  • A pessoa de Abu’l-Khattab
  • Doutrinas
  • «O vinho do Malakut»

(CorbinIran)

Henry Corbin (1903-1978)