Ibn Arabi (SP) – Da sabedoria divina no verbo adâmico §15

Titus Burckhardt

Quando Deus disse a Iblis: “O que te impede de te prosternar diante daquele que Eu criei com Minhas duas Mãos?” (Corão, XXXVIII, 75), a menção das duas Mãos indica uma distinção para Adão; Deus fez assim alusão à união em Adão das duas formas, a saber da forma do mundo (análoga às Qualidades divinas passivas) e da “forma” divina (análoga às Qualidades divinas ativas), que são as duas Mãos de Deus1. Quanto a Iblis, ele é apenas um fragmento do mundo; ele não recebe a natureza sintética em virtude da qual Adão é o representante de Deus. Se Adão não estivesse manifestado na “Forma” d’Aquele que lhe confia Sua representação em relação aos outros, ele não seria Seu representante; e se ele não contivesse tudo aquilo que tem necessidade o rebanho que deve guardar — é dele que este rebanho depende, e ele deve satisfazer a todas as suas necessidades, — ele não representaria Deus para os os outros (criaturas).

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  1. O simbolismo das duas Mãos de Deus encontra-se na Qabbalah, notadamente no Zohar, onde elas são comparadas ao Céu e a Terra enquanto princípios ativo e passivo da manifestação. 

Sabedoria dos Profetas