Schuon (RMI) – Manifestação universal (hinduísmo) e criação (monoteísmo)

Manifestação universal (hinduísmo) e criação (monoteísmo)

Uma nota se impõe aqui a respeito da divergência entre a ideia ariana ou greco-hindu de «manifestação universal» e a ideia semita ou monoteísta de «criação». A primeira ideia se refere ao mundo enquanto resulta de uma necessidade ontológica, aquela da radiação ou de comunicação do Bem precisamente; em outros termos, Maya surge da Infinitude do Princípio supremo; e quem diz Maya, diz samsara, mundo da «transmigração». Quanto à ideia semita de criação, ela se refere ao mundo, não visualizado em sua totalidade, mas reduzido a um só ciclo e concebido como o efeito de um só ato «livre» de Deus.

Em realidade, a criação à qual pertencemos é um ciclo da manifestação universal, esta sendo composta de uma indefinidade de ciclos «necessários» sob a relação de sua existência mas «livres» sob aquele de sua particularidade. O Universo é um tecido feito de necessidade e de liberdade, de rigor matemático e de jogo musical; todo fenômeno participa destes dois princípios.

Frithjof Schuon