Transcendência não é contrassenso — tópicos
- Dificuldades conceituais e dialéticas no mistério dos graus de realidade
- O que há no seio da relatividade ?
- Negar a complexidade do mundo, é negar a dimensão de infinitude do Absoluto
- “Deus” é sob todas as relações o Absoluto ? (nota sobre Mestre Eckhart)
- Logo quais são as misteriosas taras inerentes ao pensar?
- Lugar legítimo da razão
- O homem e a linguagem
- As “energias” de Gregório Palamas
- As religiões monoteístas não são metafísicas
- Como o metafísico cristão solidário dos dogmas deve compreendê-los ?
- Aspectos absolutos e não-absolutos do Princípio divino
- Verdade e lógica
- Ilogismos flagrantes nas Escrituras sagradas e nos escritos dos Sábios
- Lógica vem de “Logos”
Dificuldades conceituais e dialéticas no mistério dos graus de realidade
Quem diz conhecimento humano, diz conhecimento do Absoluto; e este evoca o mistério dos graus de realidade, logo aquele da relatividade, não apenas do mundo, mas também — e a priori — do aspecto pessoal da Divindade. É aqui que intervêm certas dificuldades sejam conceituais sejam dialéticas: por um lado, há a necessidade metafísica de dar-se conta deste mistério, e por outro, há a impossibilidade teológica de dar-se conta sem ao mesmo tempo, se não o negar explicitamente pelo menos o pôr entre parênteses; falando muito esquematicamente, é como se, obrigado a constatar a existência de círculos concêntricos, apressa-se a acrescentar que estes são raios, a fim de salvaguardar a homogeneidade do sistema e em função de uma prejulgamento de continuidade linear ou de unidade, apesar de tudo1. Quer dizer que a especulação dogmática ignora esta mobilidade interior que, em outras disciplinas, permite hierarquizar perspectivas diferentes sem sacrificar nenhuma, e sem reduzir alguma abusivamente à outra.
Esta dificuldade evoca, além do mais, o mal entendido clássico entre Monoteísmo semita e Politeísmo ariano ou outro; com efeito, não há politeísmo propriamente dito, salvo talvez subjetivamente — de facto e não de jure — no caso de uma degenerescência popular que qualificaríamos de pagã. ↩