Animalidade

HOMEM — ANIMALIDADE

Nasafi: O LIVRO DO HOMEM PERFEITO

Ó Dervixe! Saiba com certeza que a maior parte dos homens, embora tendo forma humana, não são homens no sentido pleno. São em verdade asno, boi, lobo, pantera, serpente, escorpião. Não tenhas dúvida nenhuma sobre isto. EM cada cidade assim é.

O Altíssimo disse: Destinamos à Geena um grande número de djinns e de homens. Eles têm corações com os quais nada compreendem; têm olhos com os quais não veem; têm orelhas com as quais não escutam. Eis os que são semelhantes às bestas, ou mais perdidos ainda. (Corão VII/179).

Pierre Gordon: A REVELAÇÃO PRIMITIVA

Se a história verdadeira é assim feita dos esforços que tenta o homem para reganhar as alturas de onde ele se precipitou, a situação atual da Terra e da humanidade apareceu como um simples parênteses marginal na evolução do universo, parênteses que se apagará a princípio, e do qual não restará nem a lembrança nem o vestígio, porque nosso planeta, e o homem, seu soberano, terão recuperado seu lugar normal no seio da criação.

Em aguardando, a Terra é travestida por nós em lugar de provações. O homem momentaneamente perdeu sua grandeza inicial; não tem mais nada do ser prestigioso que era destinado a ser e que voltará graças ao super-homem. Caído ao nível da animalidade, se mostra incapaz de governar racionalmente o reino do qual é ao mesmo tempo a criatura sintética e o mestre. Criado livre, vive acorrentado; formado aderente ao ser, vive aparte do ser; em lugar de se mover no seio das essências, se alimenta de sensações; longe de juntar-se a existências, se agarra a reflexos. O cosmo, onde tudo é inflamante, se tornou para ele opaco e impenetrável. O espaço-tempo humano, que é sua obra, forma ao seu redor uma carapaça que o cinde ao mesmo tempo de Deus e das criaturas, do ser e dos seres.

Os resultados calamitosos do desprendimento mental que produziu a ocultação primitiva, demonstram que o universo luminoso escondido na obscuridade da matéria espacial jamais cessou de ser o grande motor da atividade humana. O que pôs em movimento o homem quando se abriu para ele a forma atual da duração, é, com efeito, a necessidade incoercível de reencontrar as claridades do mundo desaparecido, assim afirmando a importância primordial dos elãs humanos para a luz da origem. Esta necessidade o agitará até que este mundo se restaure, ou até que ele o perca para sempre. Fora desta demanda, nada conta aqui em baixo; pode-se mesmo dizer que nada verdadeiramente existe.

Pierre Gordon