Mario Dal Pra, Enciclopédia Einaudi (EEEE)
Mas a astrologia é também muito atenta à realidade física do homem e às diversas partes do seu corpo. Antes de tudo, a doença não é considerada como sendo um acontecimento casual; também ela, tal como as alterações do temperamento, está de certa forma inscrita na própria estrutura do universo e o seu germe é colocado no projecto de desenvolvimento físico que cada indivíduo transporta consigo desde o seu nascimento. É essa «medicina iniciática» que Paracelso faz remontar às antigas fontes egípcias e que relaciona as alterações do organismo com a sua causa celeste. Com base nesta medicina astrológica, pode identificar-se uma doença anos antes de ela aparecer, pode conhecer-se a sua verdadeira natureza, estabelecer-se o momento em que ela atacará o organismo e saber qual será a sua evolução. Por diversas vezes a medicina astrológica se afrontou com essoutra que ela qualifica como tradição materialista da medicina e que, na sua opinião, se engana ao perder de vista a ligação do equilíbrio corpóreo com as suas causas celestes, para mergulhar totalmente na consideração puramente imediata e isolada do corpo, da doença e da medicina. É nesta perspectiva global que se faz incumbir a cada planeta a capacidade de estimular e de solicitar um aspecto particular de energia biológica, desde a capacidade vital e energética atribuída ao Sol, até à nutritiva e expulsiva atribuída à Lua, do poder inflamatório e dilatante que emana de Marte, aos traços depressivos e atónicos que derivam de Saturno. Nesta direcção, acabar-se-á por distribuir as diversas partes do corpo de modo a fazê-las corresponder a outros tantos signos celestes: os Gémeos presidem aos braços e aos pulmões, tal como o Leão preside ao coração, a Balança aos rins e o Escorpião ao aparelho genital. Alargando a perspectiva para lá do âmbito verdadeira e propriamente médico, são muitíssimos os aspectos da vida corporal que não devem entender-se determinados pelo acaso, mas antes são reconduzidos a uma regularidade devida à sua ligação com aspectos determinantes do mundo celeste. A estatura, assim como o aspecto capilar, a cor da pele como o formato do rosto, a grandeza dos olhos como a implantação das orelhas, a calvície, não têm nada de casual, mas respondem às estruturas que, num contexto mais restrito e delimitado, correspondem àquilo que hoje chamamos herança genética, mas que no âmbito mais vasto e unitário do universo se referem a posições precisas e a influências dos corpos celestes. Certamente as ligações procuradas pela astrologia são de origem qualitativa e analógica e são sugeridas mais pela temática geral da unidade do universo que a partir de uma sua elaboração específica e analítica; todavia, dessa instância geral da unidade foram investigados aspectos muito importantes e complexos da vida individual, quer seja ao nível psicológico e do carácter, quer ao nível mais propriamente médico-biológico, geralmente genético e fisionómico.