O Deus que é totalmente livre e independente em seu próprio ser esconde a dependência da criação em relação a ele, a fim de que a adoração a ele possa ser uma adoração livre, e não uma adoração servil, forçada pela necessidade. Esse relacionamento livre entre a criatura e o criador não ocorreria (…) se fosse apenas a necessidade e a falta de existência integral que ligasse os dois um ao outro. Nesse caso, também não seria possível nenhum amor livre de Deus por sua criatura, porque somente a alma rica, completa e autossuficiente pode amar, enquanto a alma pobre, reduzida à metade, incompleta e necessitada pode apenas desejar.
Schlosser disse com razão: “Amamos o que temos; desejamos o que não temos. Somente a alma rica ama, somente a pobre deseja.”
Atribuir a origem e a preservação da criação a qualquer outra causa que não seja o amor de Deus é o mesmo que negar a Deus, e se a doutrina — e somente a doutrina — que nega esse amor é herética, então é preciso rejeitar todas essas filosofias como negadoras de Deus e heréticas. (13,195)