O “mesmo” Mundo é a Terra Desconhecida (transzendent) para qual se orienta a abertura desejante (transzendenze) que de-fine o fundo do ser humano, a “natureza” humana. Este polo da Ausência, esta Terra desconhecida, permanece conhecida por meio do olhar enganador que os seres humanos têm sobre seu ambiente, sobre os fenômenos conhecidos que os cercam. Um olhar que desrealiza realidades que são opressivas demais para os sentidos. Um olhar que abre uma brecha na grande muralha da realidade. Um olhar-ideia que abre a esclerose de conceitos nessa representação do “mesmo” mundo cujo conteúdo é reduzido a uma “totalidade incondicionada” (Heideegger, Essência do Fundamento). A Ideia é, portanto, essencialmente ambígua em sua natureza, pois vai além das realidades fenomênicas das quais nunca poderá escapar, já que a resistência delas é a condição de sua produção nesse vivente particular, o ser humano. A Ideia do mundo, do “mesmo” mundo, nada mais é, portanto, do que o índice do desejo fundamental da natureza humana de ir além de um ambiente do qual, no entanto, não pode, em última instância, desconsiderar, uma vez que o presumido indeterminado é ainda e sempre pensado apenas em relação a determinações obsessivas.
Duval (HZEN:28) – O “mesmo” Mundo é a Terra
- Duval (HZEN:27) – a noção de mundo
- Duval (HZEN:28) – mundo, totalidade dos fenômenos
- Duval (HZEN:28) – transcendência
- Duval (HZEN:29-30) – ser humano, realização da Realidade
- Duval (HZEN:29) – “algo” (Etwas) e “isto em que” (Worin)
- Duval (HZEN:29) – retiro do Mundo
- Duval (HZEN:31) – meditação zen
- Duval (HZEN:35-36) – deixar-ser
- Duval (HZEN:36) – “eu” sem forma
- Duval (HZEN:37-38) – “Acima da realidade permanece a possibilidade”