O Espírito de Deus, nascido do Amor de ser conhecido, essa realidade é ao mesmo tempo Conhecimento ou Ciência divina, Amor divino e Aquele que tornará conhecidas as possibilidades divinas que ela transmite.
No próprio Deus, o Espírito é o intermediário, ou barzakh, entre a Essência e a criação. Ele é o Pólo, o Eixo, o Espelho que reflete e torna conhecida a plenitude do Tesouro oculto que representa todas as possibilidades dos seres em sua essência divina imutável.
Esse espelho, que reflete perfeitamente a Forma divina, está oculto e parece desaparecer nos infinitos aspectos que ele projeta e que não são outros senão o conteúdo do Tesouro Oculto ou os protótipos das formas ou seres criados.
Assim, o Espírito Muhammadan, a Realidade das Realidades (haqîqat al-haqâ’iq), como tal, nunca aparecerá nas formas que o manifestam e permanecerá a realidade mais oculta, tênue e intermediária.
O Espírito que contém e propaga todas as possibilidades será dotado da soma de todas as Palavras na vida íntima de Deus e na manifestação. Todos os Nomes divinos pertencem a ele. Todos os seres estão nele em sua norma prototípica. É ele quem os diferenciará na manifestação universal. Ele é o meio pelo qual o Sopro de Amor e Misericórdia os expande para que sejam retirados de sua constrição no Tesouro Divino, que parece ilusoriamente ser transferido para as criaturas que assim se tornaram ricas por meio do Amor. Essa plenitude, o amor contido em todos os seres que o expressam refletindo-o e do qual são preenchidos, é apenas um empréstimo que eles devolvem ao seu Doador por esse mesmo ato de amor refletido. O Espírito divino é, portanto, um movimento contínuo de expiração para produzir a criação e de inspiração para reintegrá-la, arrastando inexoravelmente os seres com ele. Essas duas fases dinâmicas do Espírito constituem sua Respiração. Os dois períodos não manifestados de retenção de sua respiração são aqueles “antes” e “depois” de qualquer manifestação ou criação, quando o Amor de Allâh é absorvido em Sua Essência sem qualquer distinção.
Os princípios pelos quais o Espírito Muhammadan realiza a criação são especificados pela Tradição.
O Espírito Muhammadan é o intelecto, a primeira autodeterminação em relação à Ciência divina.
Ele é o cálamo supremo feito de luz, o instrumento do conhecimento.
Ele é a Mesa protegida ou o Espelho refletor e brilhante que recebe a Ciência desenhada pelo Estilete divino, uma Mesa que é o reflexo ou a Alma do Espírito.
É a escrita feita de letras de Luz divina, resultante da intervenção do cálamo luminoso sobre a Mesa reverberante e a expressão distintiva da Ciência divina sintética que o cálamo desenhou e pingou sobre a Mesa coberta de inscrições.
É a Ordem existencial divina por meio da qual todas as coisas se manifestam em graus cósmicos. (MGAM)