O Princípio supremo, total e universal, que as doutrinas religiosas do Ocidente chamam de “Deus”, deve ser concebido como impessoal ou pessoal? Essa pergunta pode dar origem a discussões intermináveis e, além disso, inúteis, porque surge apenas de concepções parciais e incompletas, que é inútil tentar conciliar sem se elevar acima do domínio teológico ou filosófico especial que lhes é próprio. Do ponto de vista metafísico, deve-se dizer que esse Princípio é ao mesmo tempo impessoal e pessoal, dependendo do aspecto sob o qual é considerado: impessoal ou, se quisermos, “suprapessoal” em si mesmo; pessoal em relação à manifestação universal, mas, é claro, sem que essa “personalidade divina” tenha o menor caráter antropomórfico, pois devemos ter cuidado para não confundir “personalidade” com “individualidade”. A distinção fundamental que acabamos de formular, e por meio da qual as contradições aparentes de pontos de vista secundários e múltiplos são resolvidas na unidade de uma síntese superior, é expressa pela metafísica do Extremo Oriente como a distinção entre “Não-Ser” e “Ser”; ela não é menos clara na doutrina hindu, assim como a identidade essencial da metafísica pura sob a diversidade de formas em que pode ser revestida.
Guénon (IGEDH) – Princípio supremo, impessoal ou pessoal?
TERMOS CHAVES: Supremo
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