tradução
Parece-ME que existe o pensamento com memória e o pensamento espontâneo?
O pensamento intencional usa o que já é conhecido, a memória. O pensamento espontâneo surge do todo–possível.
Como podem coexistir as duas memórias, o pensamento intencional que provoca conflitos e sua defesa e a memória que poderia ser chamada de cósmica?
Uma mente entulhada com o que já é conhecido está fechada, resistindo à corrente que vem do infinito. Em um determinado momento, a estrutura de uma memória fabricada pelo ego para sua preservação perde sua carga afetiva e é reintegrada ao equilíbrio final do qual fazia parte.
A memória está localizada exclusivamente no cérebro?
A sede da memória não está exclusivamente no cérebro; ela se estende a todo o corpo. O pensamento intencional é desenvolvido pelo desejo. O corpo tem seu próprio conhecimento, mas, na maioria das vezes, fica paralisado pela hiperatividade intelectual.
O conhecimento e o não–conhecimento são pensamentos; o verdadeiro conhecimento é vivido, vazio de pensamentos.
Você pode explicar exatamente o que é a memória?
Para entender a existência da memória, temos de admitir que há uma testemunha que registra nossas atividades para que possamos nos lembrar delas. É um pano de fundo, um continuum que registra a descontinuidade pensamento/ação, e essa testemunha é inerente ao Si. Dessa forma, podemos ver o que é a memória. Testemunhar é uma função, um ato, e um ato é mudança. Essa atividade não é a da mente, que só pode ter uma de cada vez. O pensamento se desdobra à medida que avança; da mesma forma, o pensamento “eu” também aparece no tempo, antes e depois do ato, mas não no momento da ação. Ele está sempre presente, na presença ou ausência do pensamento, e nada está fora dele; tudo aparece nele, inclusive a memória, sem que ele seja afetado por ela. Portanto, podemos dizer que a memória é simplesmente uma ideia que passou por nossa mente no exato momento: o presente, o passado e o futuro são todos “agora”.
O pensamento lateral implica uma sucessão no tempo; é discursivo, analítico e baseado estritamente no que já é conhecido. Ele antecipa um objetivo. Por outro lado, o pensamento vertical, se é que ainda podemos usar esse termo, é o resultado de uma observação. Os elementos observados são sintetizados em um todo simultâneo, como um relâmpago, antes de serem integrados à lucidez. Poderíamos dizer que eles são magnetizados pela graça.
original
Il ME semble qu’il y a une pensée mémoire et une pensée spontanée ?
La pensée intentionnelle utilise le déjà connu, la mémoire. La pensée spontanée surgit de la toute-possibilité.
Comment les deux mémoires, la pensée intentionnelle qui provoque les conflits et leur défense et la mémoire que l’on pourrait dire cosmique peuvent-elles coexister ?
Un mental encombré par un déjà connu est fermé, résiste au courant provenant de l’infini. À un moment donné, la structure d’une mémoire fabriquée par le moi pour sa conservation perd sa charge affective et se réintègre dans l’ultime équilibre dont elle faisait partie.
La mémoire est-elle exclusivement localisée dans notre cérébralité ?
Le siège de la mémoire n’est pas exclusivement dans le cerveau, il s’étend à tout le corps. La pensée intentionnelle est élaborée par le désir. Le corps a son propre savoir, mais est le plus souvent paralysé par une suractivité intellectuelle.
Le savoir et le non-savoir sont une pensée, le véritable savoir est vécu, vide de pensée.
Pouvez-vous nous expliquer ce qu’est exactement la mémoire ?
Pour comprendre l’existence de la mémoire, nous devons admettre qu’il y a un témoin qui enregistre nos activités, afin que nous puissions nous les rappeler. C’est un arrière-plan, un continuum qui prend note de la discontinuité pensée/action et ce témoin est inhérent au Soi. Nous pouvons ainsi voir ce qu’est la mémoire. Témoigner est une fonction, un acte, et un acte est changement. Cette activité n’est pas celle du mental, celui-ci ne peut en avoir qu’une à la fois. La pensée se déroule au fur et à mesure ; de même, la pensée « je » apparaît elle aussi dans le temps, avant et après l’acte, mais pas au moment de l’action. Le fait de mémoriser ne peut être celui de la conscience, car cette dernière n’exerce pas de fonction ; elle est toujours là, dans la présence ou l’absence de la pensée, et rien n’est en dehors d’elle ; tout apparaît en elle, y compris la mémoire, sans qu’elle en soit affectée. Nous pouvons donc dire que la mémoire n’est qu’une idée qui nous a traversé l’esprit à l’instant même : le présent, le passé, le futur se situent « maintenant ».
La pensée latérale implique une succession dans le temps, elle est discursive, analytique et se base strictement sur le déjà connu. Elle anticipe un but. Par contre, la pensée verticale, si l’on peut encore employer ce terme, est le résultat d’une constatation. Ce sont les éléments constatés qui se synthétisent en une globalité simultanée, comme un éclair, avant leur intégration dans la lucidité. Ils sont, pourrait-on dire, aimantés par la grâce.