Jean Klein (JKJU) – memória

tradução

Parece-ME que existe o pensamento com memória e o pensamento espontâneo?

O pensamento intencional usa o que já é conhecido, a memória. O pensamento espontâneo surge do todo-possível.

Como podem coexistir as duas memórias, o pensamento intencional que provoca conflitos e sua defesa e a memória que poderia ser chamada de cósmica?

Uma mente entulhada com o que já é conhecido está fechada, resistindo à corrente que vem do infinito. Em um determinado momento, a estrutura de uma memória fabricada pelo ego para sua preservação perde sua carga afetiva e é reintegrada ao equilíbrio final do qual fazia parte.

A memória está localizada exclusivamente no cérebro?

A sede da memória não está exclusivamente no cérebro; ela se estende a todo o corpo. O pensamento intencional é desenvolvido pelo desejo. O corpo tem seu próprio conhecimento, mas, na maioria das vezes, fica paralisado pela hiperatividade intelectual.

O conhecimento e o não-conhecimento são pensamentos; o verdadeiro conhecimento é vivido, vazio de pensamentos.

Você pode explicar exatamente o que é a memória?

Para entender a existência da memória, temos de admitir que há uma testemunha que registra nossas atividades para que possamos nos lembrar delas. É um pano de fundo, um continuum que registra a descontinuidade pensamento/ação, e essa testemunha é inerente ao Si. Dessa forma, podemos ver o que é a memória. Testemunhar é uma função, um ato, e um ato é mudança. Essa atividade não é a da mente, que só pode ter uma de cada vez. O pensamento se desdobra à medida que avança; da mesma forma, o pensamento “eu” também aparece no tempo, antes e depois do ato, mas não no momento da ação. Ele está sempre presente, na presença ou ausência do pensamento, e nada está fora dele; tudo aparece nele, inclusive a memória, sem que ele seja afetado por ela. Portanto, podemos dizer que a memória é simplesmente uma ideia que passou por nossa mente no exato momento: o presente, o passado e o futuro são todos “agora”.

O pensamento lateral implica uma sucessão no tempo; é discursivo, analítico e baseado estritamente no que já é conhecido. Ele antecipa um objetivo. Por outro lado, o pensamento vertical, se é que ainda podemos usar esse termo, é o resultado de uma observação. Os elementos observados são sintetizados em um todo simultâneo, como um relâmpago, antes de serem integrados à lucidez. Poderíamos dizer que eles são magnetizados pela graça.

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