Finalmente, deve-se mencionar a noção de sakshin em dois Upanishads. O “homem no homem” é também a testemunha ocular, presente sem estar envolvido, imaculado por eles, nos atos e estados internos do homem, no estado de vigília ou de sonho, no sono profundo ou no êxtase. “Dois amigos com belas asas (pássaros), intimamente ligados, abraçam uma mesma árvore; um deles come seus doces frutos; o outro, sem comer, contempla”. O sakshin é o guia; o ser humano o contempla e se une a ele na medida em que toda deficiência desaparece dele; ele é a contraparte da Natureza Perfeita, do shahid como uma forma de luz.
Essa palavra “testemunha” (martys, testis, shahid) já apareceu em várias ocasiões, o que deve ser suficiente para nos sugerir o que é comum a todas as recorrências dessa mesma figura, desde a visão zoroastriana do daena até a contemplação do shahid no sufismo. Quando essa testemunha da contemplação se torna, como em Najm Kobra, uma testemunha teofânica de uma percepção visionária, a função que seu nome implica é ainda mais aprimorada: dependendo se a alma visionária o vê como luz ou, ao contrário, “vê” apenas escuridão, ela mesma testemunha, com sua visão, a favor ou contra sua própria realização espiritual. Assim, a “testemunha no Céu” será designada como o “equilíbrio do suprassensível” (mizan al-ghayb); consequentemente, o ser da beleza como testemunha da contemplação é também esse “equilíbrio”, pois atesta a capacidade da alma ou, ao contrário, sua impotência para perceber a beleza como teofania por excelência. (Henry Corbin: Corbin Homem Luz)