A ALQUIMIA, E.J. Holmyard
Aristóteles esboçou alguns princípios da formação dos metais e minerais que ajudaram a orientar o pensamento alquímico. Ele julgava haver duas «exalações» relacionadas, mas não está claro se elas deveriam ser consideradas materiais ou espirituais; talvez fossem modificações especiais do espírito do Universo, De qualquer maneira, uma das exalações é vaporosa e outra fumegante. A exaltação vaporosa forma-se quando os raios do sol incidem sobre a água, e é úmida e fria, enquanto a exalação fumegante surge quando os raios incidem sobre a Terra, e é quente e seca. Cada exalação está, contudo, mais ou menos misturada com a outra. Às duas exalações correspondem duas classes de corpos terrestres, os minerais e os metais. O calor da exalação seca é a causa de todos os minerais ou, em outras palavras, estas substâncias são compostas principalmente a partir da exalação fumegante. Como exemplos vários de minerais temos o rosalgar, o ouro-pimento (mistura de arsênio e enxofre), os ocres, o enxofre e outros, substâncias estas que não podem ser fundidas. A exalação vaporosa é a causa de todos os metais, corpos que são, quer maleáveis, quer suscetíveis de fusão, ou os dois casos juntamente, tais como o ferro, o cobre, o ouro. Todos são originados pela retenção da exalação vaporosa na terra, cuja secura a comprime e finalmente converte em metal. Assim, embora nenhuma exalação esteja completamente livre da outra, os metais e os minerais, como todas as restantes substâncias, são compostos a partir de quatro elementos, predominando nos metais a água e o ar (principalmente a água), enquanto nos minerais prevalecem a terra e o fogo (nomeadamente a terra).
Podemos relembrar que a unidade do mundo, perpassado por um espírito universal, teve um corolário na ideia de que todos os objetos do Universo possuíam alguma espécie de vida. Os metais cresciam, assim como os minerais, e até se lhes atribuía sexo. Uma semente de ouro, fertilizada, poderia transformar-se numa pepita; a exalação fumegante era masculina e feminina a vaporosa, enquanto o mercúrio era o ventre em que eram gerados os embriões metálicos. Estas e outras crenças anímicas semelhantes confundiram-se com a visão mais racional de Aristóteles, e apareceram mais pormenorizadamente relatadas nas últimas fórmulas do platonismo.