GRANDE MONTANHA — QAF

Pierre Gordon: A IMAGEM DO MUNDO NA ANTIGUIDADE

Segundo os muçulmanos, uma elevação maravilhosa cerca a terra. É a montanha CAF (ou QÂF). Ela tem por fundamento uma pedra transcendente, feita de uma só esmeralda, — a pedra Sakhrat — que, por sua reflexão, colore de azul o céu. Esta pedra viva e divina é o polo e o motor do mundo. É ela que, por intermédio da Montanha — no meio da qual está situada a terra — garante a estabilidade de nosso habitat. Para alcançar a elevação sagrada, é preciso atravessar uma imensa extensão de trevas, uma espaço desmesurado, onde o sol não brilha jamais. Também os homens aí não podem penetrar sem guia. É aí, neste país, denominado Ginnistan, que estão confinados os Gigantes e os Dives, vencidos pelos primeiros heróis de nossa raça, aí também que habitam os Peris ou as Fadas. — Diremos que o monte Caf e as descrições encantadoras que dele dão, são simples cópias? Reconhecemos em realidade de uma maneira indubitável a elevação santa do neolítico, com sua Caverna (aliás seu mundo subterrâneo) e as personalidades que aí fazem sofrer provações, ao mesmo tempo guiando através de suas tenebrosas sinuosidades. Encontramos igualmente as mulheres divinas que residem no pico (prova que a influência matriarcal foi marcada fortemente nos árabes primitivos). Percebemos enfim como onfalos do mundo, uma pedra sacrossanta. Todas estas noções foram correntes em todos os povos, e são suficientes, junto com as práticas rituais, para explicar o advento na imaginação humana, do prestigioso monte Caf.


Henry Corbin: Corbin Homem Luz

Los testimonios nos certifican, con una perfecta concordancia, que ésa era la montaña que antaño se llamara Alborz (Elbourz, en avéstico Haraiti Bareza). Desde la perspectiva geográfica, el nombre designa hoy la cadena de montañas situada al norte de Irán, pero no es este dato de la orografía terrestre el que sirve de referencia a la geografía visionaria de las antiguas leyendas, cuando nos hablan de la raza maravillosa que puebla sus ciudades: raza que desconoce tanto el Adán terrenal como el Iblîs-Ahrimán, raza semejante a los ángeles, andrógina quizá, puesto que desconoce la diferenciación sexual (cf. los gemelos del paraíso de Yima y de los uttara-kurus), y a la que por tanto no atormenta siquiera el deseo de una posteridad. Los minerales de su suelo y las murallas de sus ciudades que generan su propia luz (como el var de Yima) no tienen necesidad de luminaria exterior alguna, ni sol ni luna ni estrellas de los cielos físicos. Estos indicios concuerdan de tal modo que se puede fijar la topografía celeste de esta tierra sobrenatural en el límite de la Esfera que, por encima de los cielos planetarios y del cielo de las innumerables estrellas fijas, envuelve todo el universo sensible. Esta Esfera de las esferas es la montaña de Qâf que rodea la totalidad del cosmos visible; la clave de bóveda de esa cúpula celeste, el polo, está constituida por una roca de esmeralda que comunica su reflejo a toda la montaña de Qâf.

Geosofia, Pierre Gordon