A árvore do meio ambiente é, simbolicamente, idêntica ao véu que separa a criação do criador. O pecado do primeiro casal humano foi ter levantado o véu, e a consequência foi o seu exílio atrás de um novo véu, mais exterior, separando-o da intimidade com Deus. De queda em queda, o homem criou para si novos véus separativos; assim, todo pecado é para o indivíduo um véu que o separa de uma graça anterior. Ao contrário, toda volta a Deus produz a queda de um véu e a recuperação de um Paraíso perdido.
Não obstante, quando Santo Agostinho exclama “feliz erro”, ao falar do pecado de Eva e Adão, frisa, em suma, o caráter necessário da queda: com efeito, muitas doutrinas cosmogônicas apresentam a perda da bem-aventurança original como um fato neutro e uma etapa inevitável na realização plena do homem, acentuando, em consequência, os efeitos compensatórios, como o faz o Cristianismo a posteriori. É o que prova a união sexual, imagem clássica da queda, pelo menos segundo a sensibilidade cristã. O Islamismo e outras religiões, pelo contrário, insistem na virtude desdobrante e perfeccionante da sexualidade, mas sem jamais negar os possíveis méritos da castidade, nem de sua necessidade em certos casos. Seja como for, tudo na ordem natural é mais ou menos relativo, e é possível ao homem realizar a alquimia sexual de maneira puramente interior, assim como o inverso é também possível; isto é evidente e nós já o dissemos explícita ou implicitamente. Da mesma forma, nada enunciamos de novo ao lembrar que o homem traz nele próprio o Paraíso perdido que, na verdade, continua sempre acessível; não facilmente, mas sob condições tradicionais e pessoais rigorosas; intrate per angustam portam. O anjo da espada flamejante, ou o dragão guardião do santuário, só permitirá a passagem daquele que, tendo superado a queda, não foi tocado pelo pecado; daquele cuja “descida ao inferno” foi logo à primeira vista um “feliz erro”; ou daquele que, conhecendo a “senha para a passagem livre”, possui a chave do Jardim celeste e da Libertação.