Schuon (FSDH) – Espiritualização da sexualidade e animalização da intelectualidade

Espiritualização da sexualidade e animalização da intelectualidade

Há uma espiritualização da sexualidade como há, em sentido inverso, uma animalização da inteligência; no primeiro caso, o que pode ser uma ocasião de queda se torna um meio de elevação; no segundo caso, a inteligência se desumaniza e dá lugar ao materialismo, ver ao existencialismo, logo a um «pensamento» que não tem de humano senão o modo e cujo conteúdo é propriamente infra-humano. A contradição flagrante do materialismo, é a negação do espírito através do espírito; aquela do existencialismo, é, com base na negação precedente, o desmantelamento das funções normais da inteligência, sob pretexto de defender os direitos da existência ou do «concreto» contra a «abstração». «Quanto mais blasfema, mais louva Deus», disse Eckhart; as ideologias materialistas e concretistas, por excesso mesmo de sua inanidade, dão conta indiretamente da realidade do espírito e consequentemente também de sua primazia1.


  1. O existencialismo perguntará, não «o que é esta coisa » mas «o que esta coisa significa para mim? ». Logo porá a «significação» totalmente subjetiva em lugar da natureza objetiva, o que é um inconveniente não somente de absurdidade mas também de orgulho e de insolência. Como a verdadeira grandeza não «significa» nada para o homem pequeno, este não verá aí senão uma espécie de enfermidade a fim de melhor poder se deleitar de seu inchaço «significante».  

Frithjof Schuon