Frithjof Schuon, O ESOTERISMO COMO PRINCÍPIO E COMO VIA (EPV)
Está na natureza do homem — visto que combina o exterior com o interior — utilizar suportes sensíveis tendo em vista o progresso do seu espírito ou o equilíbrio da sua alma. Esses suportes são artísticos e, portanto, simbolistas e estéticos, ou teúrgicos. Neste último caso, sua função é veicular as forças benéficas, protetoras e santificantes; aliás, os dois gêneros podem combinar-se. Propomo-nos a falar aqui da segunda categoria ou, mais precisamente, de um caso particular, o das relíquias, cuja função com efeito concerne à liturgia, indiretamente, pelo menos. Dizemos teurgia e não magia, visto que as forças que agem neste caso têm sua razão de ser e sua fonte essencial na Graça divina e não na arte humana. Para tratar deste assunto, basta uma resposta a duas objeções, uma visando à autenticidade das relíquias e a outra à sua eficácia.
A fenomenologia teúrgica engloba não só os símbolos sagrados, os suportes de fluidos celestes e as graças subjetivas, mas também, e sobretudo, os ritos, em que o homem coopera ativamente para uma teurgia salvadora. Por “fenomenologia” entendemos simplesmente o estudo de uma categoria de fenômenos, e não determinada filosofia que pretende tudo resolver, registrando ou explorando à sua maneira os fenômenos que se apresentam à consciência, sem poder explicar esse fenômeno central e incompreensível, que é o mistério da subjetividade.