Trata-se sempre da mesma retirada do exterior para o interior, em razão do estado do mundo numa certa época, ou, para falar mais exatamente, daquela parte do mundo que está em relação com a forma tradicional considerada. Essa retirada, aliás, só se aplica ao lado esotérico da tradição, permanecendo o lado exotérico, no caso do cristianismo, sem mudança aparente. Porém, é precisamente pelo lado esotérico que são estabelecidos e mantidos os vínculos efetivos e conscientes com o Centro Supremo. Alguma coisa, entretanto, deve necessariamente subsistir, de algum modo invisível, enquanto essa forma tradicional permanecer viva. Se fosse de outro modo, isso significaria dizer que o “espírito” se retirou inteiramente e que resta apenas um corpo morto.
Diz-se que o Graal não foi mais visto como antes, mas não se diz que ninguém mais o viu. Seguramente, ao menos em princípio, ele se faz sempre presente àqueles que são “qualificados”. Mas, de fato, estes se tornaram cada vez mais raros, a ponto de só se constituírem numa ínfima exceção. E, desde a época em que se diz que os Rosa-Cruzes se retiraram para a Ásia, o que pode ser entendido literal ou simbolicamente, quais as possibilidades de chegarem à iniciação efetiva podem eles ainda encontrar abertas no mundo ocidental? (Guénon)