Magia (EPV)

Frithjof Schuon – O ESOTERISMO COMO PRINCÍPIO E COMO VIA (EPV)

  • …temos consciência do fato de a ciência moderna ter como ponto de partida a negação das dimensões cósmicas supra-sensíveis e extra-espaciais — ao passo que mesmo a magia mais comum só é explicada por uma dessas dimensões…
  • Vela-se a mulher como no Islamismo se proíbe o vinho, e desvela-se — em certos ritos ou em certas danças rituais — com a intenção de magia por analogia, uma vez que o desvelamento da beleza com vibração erótica evoca, à maneira de um catalisador, a revelação da Essência libertadora e beatífica…
  • Em princípio, e na ausência de fatores opostos capazes de neutralizar esse efeito, o fenômeno estético é um receptáculo que atrai uma presença espiritual. Se isso se aplica o mais diretamente possível aos símbolos sagrados, onde essa qualidade se superpõe e uma magia sacramental, vale igualmente de maneira mais difusa para todos os elementos de harmonia e, portanto, de verdade tornada sensível.
  • Está na natureza do homem — visto que combina o exterior com o interior — utilizar suportes sensíveis tendo em vista o progresso do seu espírito ou o equilíbrio da sua alma. Esses suportes são artísticos e, portanto, simbolistas e estéticos, ou teúrgicos. Neste último caso, sua função é veicular as forças benéficas, protetoras e santificantes; aliás, os dois gêneros podem combinar-se. Propomo-nos a falar aqui da segunda categoria ou, mais precisamente, de um caso particular, o das relíquias, cuja função com efeito concerne à liturgia, indiretamente, pelo menos. Dizemos teurgia e não magia, visto que as forças que agem neste caso têm sua razão de ser e sua fonte essencial na Graça divina e não na arte humana. Para tratar deste assunto, basta uma resposta a duas objeções, uma visando à autenticidade das relíquias e a outra à sua eficácia.

Frithjof Schuon