Baader (FC:II.2) – interior-exterior

Enquanto o homem, por exemplo, no interior de si mesmo ou em seu eu, for servo ou escravo do mesmo espírito do mundo que manifesta seu poder no domínio exterior, como um furacão que o homem em sua queda desencadeou contra si mesmo (Fermenta Cognitionis, I, p. 163 e Epístola aos Efésios, 2:2), enquanto esse for o caso, o homem conheceu a exterioridade e a interioridade apenas em sua diferença, não em seu conflito: ele só se torna consciente desse conflito quando começa a se recusar a servir interiormente a esse poder que continua a dominar o exterior, ou seja, quando começa a se submeter a outro poder. Mas se ele reconheceu a natureza desse conflito de qualquer outra forma, tal homem não o atribuirá nem a uma impotência absoluta por parte da exterioridade para seguir essa outra interioridade que começou a reinar em sua interioridade (na interioridade do homem), nem muito menos a uma hostilidade absoluta por parte dessa exterioridade (a um mal radical assumido na natureza na medida em que é um ser ininteligente (b)). Cf. Fermenta Cognitionis, I, p. 23 5. Mas é preciso dizer que a categoria de interioridade e exterioridade parece ter sido ainda pouco compreendida pelos filósofos naturais e psicólogos, uma vez que eles não mantêm a identidade de interioridade e intensão, de exterioridade e extensão, e que ainda não conseguiram ver claramente que a autoconsciência já é o fato de saber que estou em algo e de saber que algo (esse mesmo algo) está em mim, e também o fato de saber que sou distinto dessas duas coisas. Uma intensidade, embora expresse uma pluralidade, não é uma combinação, mas algo reduzido a um elemento simples e essencial por um poder superior. Essentiare est ad Inexistentiam potentiarum (radicum) redigere. — O que podemos esperar de teorias físicas e químicas que negam essa inexistência e intensidade à natureza e que querem reduzir toda a atividade da natureza à combinação ou dissociação de um monte de areia ou de uma pilha de átomos? E, no entanto, é nisso que a ciência de nossos atomistas ainda consiste hoje, exceto por atribuir alguma polaridade elétrica aos átomos, sem, no entanto, ser capaz de explicar essa eletricidade. Igualmente superficial é o principal dogma desses físicos, segundo o qual “duas matérias diferentes não podem preencher um único e mesmo espaço”, o que não significa nada mais do que isso: duas ocupações diferentes do espaço, desde que sejam tais, não constituem ao mesmo tempo uma única ocupação do espaço. — Mas a esses físicos ainda falta o verdadeiro conceito de impenetrabilidade, a ideia de que o que é verdadeiramente impenetrável é aquilo que penetra, e esse elemento que penetra preenche um espaço já ocupado sem ocupá-lo ele mesmo, ou, como dizemos, sem tomar posse dele de maneira essencial; É nesse sentido que Deus se chama aquele que preenche todas as coisas, o que ele não poderia ser se não fosse supra-essencial a todas as coisas, e se não o fosse, como um ser distinto de todos os outros seres, e é por isso que não há nenhum ser que o contenha e não há nenhum que o exclua. Assim, vemos, de passagem, o caráter superficial da representação spinozista-panteísta que nega a supra-essencialidade de Deus.

Franz von Baader