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Deus (al-haqq) quis ver as essências (ayan) de Seus Nomes muito perfeitos, que o número não saberia esgotar — e, se quiseres, podes igualmente dizer: Deus quis ver Sua própria essência (ayn) — em um objeto (kawn) global, que, tendo sido dotado da existência (al-wujud), resume toda a ordem divina (al-amr) a fim de manifestar por aí Seu mistério (sirr) para Si mesmo. Pois a visão (ruya) que tem o ser dele mesmo nele mesmo não se assemelha àquela que lhe proporciona uma outra realidade da qual se serve como de um espelho: ele aí se manifesta a ele mesmo sob a forma que resulta do “lugar” da visão; esta não existiria sem o “plano de reflexão” e o raio que aí se reflete. Deus criou a princípio o mundo inteiro como uma coisa amorfa (musawwi) e desprovido de graça (rawh), e similar a um espelho que ainda não foi polido; ora, é uma regra da Atividade divina não preparar nenhum “lugar” sem que este não receba um espírito divino, isto que é expresso (no Corão) pela insuflação do Espírito divino em Adão; e isto não é outra coisa (de um ponto de vista complementar do primeiro) senão a atualização da atitude (al-istidad) que possui tal forma, anteriormente disposta, a receber a efusão (al-fayd) inesgotável da revelação (al-tajalli) essencial. Não há então (fora da Realidade divina) senão um puro receptáculo (qabil); mas este receptáculo provem ele mesmo da “Efusão santíssima” (al-fayd al-aqdas) (quer dizer, da manifestação principial, metacósmica, onde as “essências imutáveis” são divinamente “concebidas”, antes de sua aparente projeção na existência relativa). Pois a realidade (al-amr) inteira, de seu início a seu fim, vem de Deus somente, e é para Ele que ela retorna. Assim, então, a Ordem divina (al-amr) exigia a clarificação do espelho do mundo; e Adão se tornou a claridade mesmo deste espelho e o espírito desta forma1.
No texto original, todo o início do capítulo, até esta palavra, forma uma só frase com várias proposições incidentes; este é um conjunto lógico descrevendo todos os aspectos essenciais da Manifestação divina. ↩