VIDE: SABEDORIA DOS PROFETAS
A SABEDORIA DA SANTIDADE NO VERBO DE ENOQUE (AustinFusus)
- Santidade = qadasa = estar muito distanciado
- Distanciamento de Deus dos embaraços do Cosmos
- Transcendência — elevação
- elevação de posição: atividade pela alma
- elevação de grau: conhecimento do espírito
- Teoria mística do número
- Relação da Natureza cósmica com Deus
- Pai-Filho
- Adão-Eva
- Nomes divinos
Para entender o significado para este capítulo da palavra “santidade” no título, é necessário saber que o significado da raiz árabe qadasa é “estar distante”, o que, nesse contexto, significa o afastamento espiritual de Deus dos entraves do mundo ou do cosmos. Para demonstrar ainda mais a relevância dessa noção, é preciso ressaltar que, na maioria das tradições religiosas de orientação espiritual, a noção de afastamento espiritual, no sentido de transcendência, está intimamente associada à noção de altura ou elevação, que é precisamente o principal tópico de discussão deste capítulo.
Ibn Arabi divide o conceito de elevação em dois tipos: elevação de posição, que se relaciona com a atividade cósmica da alma, e elevação de grau, que se relaciona com o conhecimento do espírito. Ele também discute o significado e a importância do termo “elevação” em relação a Deus. Em outras palavras, a elevação de posição está de acordo com uma escala cósmica e a elevação de grau está de acordo com uma escala divina, embora seja apenas Deus, como o elemento adorado na polaridade Criador-criação, que pode ser considerado elevado, uma vez que a própria Realidade está além e, ao mesmo tempo, abrange tal conceito, seja ele de posição ou grau. Tudo depende do fato de se ver Deus como o Uno, no sentido de Único, ou como o Um, o Primeiro de muitos.
Isso nos leva ao próximo assunto tratado no capítulo, a saber, a teoria mística do número. Aqui ele discute as implicações para seus ensinamentos de considerar o número um, seja como o número por excelência do qual todos os outros números derivam e do qual são meras manifestações, ou o número um como uma realidade única em si mesma, sem relação com e além de qualquer possibilidade de multiplicação. Para Ibn Arabi, essa questão está relacionada, mais uma vez, à polaridade Deus em si mesmo – Deus no Cosmos. Em outras palavras, devemos ver Deus como único e, portanto, não relacionado e não relacionável, ou como a origem relacionada e relacionável de toda a existência criada? A resposta de Ibn Arabi é, obviamente, que ambas as perspectivas são verdadeiras em relação à Realidade.
Continuando a discutir a relação da Natureza cósmica com Deus, Ibn Arabi a compara com a relação pai-filho e Adão-Eva, por meio da qual ele procura mostrar que o Cosmos, derivado de Deus, não é essencialmente outro senão Ele. Ele retorna a essas analogias mais adiante na obra. No entanto, como ele ressalta no início do capítulo, considerado do ponto de vista da própria Realidade, não há um viés claro a favor do Criador em vez da criação, já que, desse ponto de vista, podemos falar de um “Criador criado” e de uma “criação criadora”, como ele mesmo expressa.
O capítulo termina com outra análise do assunto dos Nomes divinos. Uma vez que todos os Nomes que, como vimos, servem para descrever a natureza da relação Criador-criação são os Nomes de Deus, cujo termo é, em si mesmo, o Nome universal, cada nome particular deve expressar, ainda que apenas essencialmente, todos os outros Nomes, enquanto denota, em si mesmo, algum aspecto particular da conexão divina com o Cosmos. Assim, cada criação particular, em seu relacionamento particular com seu Senhor, conforme determinado por sua própria predisposição latente in divinis, participa, na realidade, de toda a criação possível, uma vez que, mesmo em sua própria particularidade, ela é, e não pode ser, diferente Dele.