Perguntador: Certa vez, tive uma experiência estranha. Eu não era, nem o mundo era, só havia luz — interna e externa — e uma paz imensa. Isso durou quatro dias e depois voltei à consciência cotidiana. Agora tenho a sensação de que tudo o que sei é apenas um andaime, cobrindo e escondendo o prédio em construção. O arquiteto, o projeto, os planos, o propósito — nada sei; alguma atividade está ocorrendo, coisas estão acontecendo; isso é tudo o que posso dizer. Eu sou aquele andaime, algo muito frágil e de vida curta; quando o prédio estiver pronto, o andaime será desmontado e removido. O “eu sou” e o “o que eu sou” não têm importância, porque quando o prédio estiver pronto, o “eu” irá embora naturalmente, sem deixar perguntas sobre si mesmo para responder. Maharaja: Você não está ciente de tudo isso? Não é o fato do ser/estar-ciente o fator constante? EU SOU ISSO: 87
P: Senhor, estou ME afogando em um mar de palavras! Posso ver que tudo depende de como as palavras são colocadas juntas, mas deve haver alguém para colocá-las juntas — de forma significativa. O Ramayana, o Mahabharata e o Bhagavata nunca poderiam ser produzidos por meio de palavras escolhidas ao acaso. A teoria do surgimento acidental não é sustentável. A origem do que é significativo deve estar além dela. Qual é o poder que cria ordem a partir do caos? Viver é mais do que ser, e a consciência é mais do que viver. Quem é o ser vivo consciente? — M: Sua pergunta contém a resposta: um ser vivo consciente é um ser vivo consciente. As palavras são muito apropriadas, mas você não entendeu toda a importância delas. Aprofunde-se no significado das palavras: ser, viver, consciente, e você deixará de andar em círculos, fazendo perguntas, mas sem respostas. Entenda que você não pode fazer uma pergunta válida sobre si mesmo, porque não sabe sobre quem está perguntando. Na pergunta “Quem sou eu?”, o “eu” não é conhecido e a pergunta pode ser formulada como: “Eu não sei o que quero dizer com ‘eu’” O que você é, você deve descobrir. Só posso lhe dizer o que você não é. Você não é do mundo, nem mesmo está no mundo. O mundo não é, apenas você é. Você cria o mundo em sua imaginação como um sonho. Assim como você não pode separar o sonho de si mesmo, também não pode ter um mundo externo independente de si mesmo. Você é independente, não o mundo. Não tenha medo de um mundo que você mesmo criou. Pare de procurar felicidade e realidade em um sonho e você acordará. Você não precisa saber “por que” e “como”, as perguntas não têm fim. Abandone todos os desejos, mantenha sua mente em silêncio e você descobrirá. EU SOU ISSO: 87