dharma

Dharma, a terceira das quatro metas, abrange todo o contexto dos deveres religiosos e morais. Também está personificado como um deus, mas de caráter relativamente abstrato.

Os textos são Dharmasastra e Dharmasutra ou Livros da Lei. Alguns são atribuídos a personagens míticos, tais como Manu, antepassado do homem; outros, a certos eminentes mestres e santos brâmanes da antiguidade. O estilo dos mais antigos — como por exemplo os de Gautama, Apastamba e Baudhayana, que pertenceram aos séculos V e seguintes a.C.26 — se parece com a prosa védica tradicional, em sua última etapa. Estas primeiras obras estão cheias de prescrições religiosas, ritualísticas e sociais, prescrições estas apontadas para uma ou outra das escolas védicas. Mas os livros jurídicos posteriores — e mais notadamente o grande compêndio atribuído a Manu27 — chegam a cobrir todo o contexto da ortodoxia da vida indiana. Encontramos aqui, meticulosamente formulados, sobre a base das práticas imemoriais imputadas aos ensinamentos do próprio Criador, rituais e regras sociais das três castas superiores: brahman (sacerdote), ksatriya (nobre) e vaisya (mercador e agricultor). Neste sistema, quem recebe as mais altas posições e honras não é o rei ou o milionário e sim o sábio, o santo, o mahatma (que literalmente significa “magnânimo”: Espírito ou Eu [atman] grande [mahant]). Como visionário e porta-voz da verdade atemporal, é dele que deriva toda a ordem da sociedade. O rei, a bem dizer, é apenas o administrador dessa ordem; os agricultores e os mercadores fornecem os materiais que dão corpo à forma; e os trabalhadores (sudra) são aqueles que contribuem com o necessário labor físico. Assim, todos estão harmonicamente concatenados para revelar, preservar e experimentar a grande imagem divina. Dharma é a doutrina dos deveres e dos direitos de cada indivíduo numa sociedade ideal e, como tal, é a lei ou espelho de toda ação moral. [Zimmer]

Índia e China