Affifi (29) – Ser Absoluto – Realidade – Existência

A premissa de Ibn Arabi é a visão panorâmica — olhar para uma pirâmide de seu ápice para baixo, em vez de ver a pirâmide de sua base e olhar para cima em direção ao seu ápice. O ápice do pensamento de Ibn Arabi é o ponto que é o “Ser Absoluto”.

Ibn Arabi usa o termo “Ser Absoluto” (al-wujud al-mutlaq) ou “Ser Completo” (al-wujud al-kulli) para denotar a Realidade que é a essência de tudo o que existe.

A Realidade é, em última análise, Una, e o Ser (a existência como um conceito) é idêntico à Realidade Una Existente, que é a fonte de tudo o que tem existência. Segue-se que a Existência Absoluta, que não pode ser nada além de um “conceito universal”, e a “Realidade Absoluta” (al-haqq al-mutlaq) são idênticas.

A Realidade (Ser) é una e unidade, e a Existência é una e unidade. A Realidade, que é o Ser Absoluto, é de fato una com a Existência Absoluta, embora possam estar separadas no pensamento. A Existência Absoluta é a fonte de todas as existências limitadas. Ibn Arabi diz: “Se não fosse pela permeação de Deus, por meio de Sua forma, em todas as existências, o mundo não teria existência; assim como se não fosse pelas realidades universais inteligíveis, nenhuma predicação (ahkam) de objetos externos seria possível”.

A verdadeira fonte de todos os seres é o “Ser Absoluto”: uma Realidade ou Ser cuja existência é idêntica à sua Essência — um Ser cuja existência é necessária (wajib al-wujudi li dhatihi). Essa Essência é, ao mesmo tempo, todas as quididades (mahiyyat) realizadas e realizáveis no mundo externo, com todas as suas propriedades e acidentes, e sobre essa Essência, com sua existência e manifestações, a mente humana baseia suas noções de existência abstrata.

O Ser Absoluto, ou a Existência Absoluta, ou a Realidade Absoluta, que é Inteira, Indivisível, Universal e Infinita, é a Origem de tudo o que se segue. [Affifi29]

Ibn Arabi (1165-1240)