Pierre Gordon: IMAGEM DO MUNDO NA ANTIGUIDADE
Os paraísos e os infernos astrais provêm das grutas de iniciação. Eles se associam a três concepções:
- a atribuição de uma residência astral ou planetária a certos seres ou certos objetos: mostramos que alojamos na abóbada estrelada os objetos e os seres que tinham sua morada no cercado sagrado terrestre ou que figuravam sobre as paredes da caverna; o céu de pedra desta se identificava ritualmente e ontologicamente, ao empíreo.
- a identificação progressiva do fogo iniciático ou fogo sacrossanto com a essência radiante do Sol. — Se integrar na energia radiante, ou dito de outro modo, no fogo transcendente , ou fogo–luz, obtido por meios sobrenaturais, foi, ao longo do tempo, se incorporar ao astro diurno;
- a identificação matriarcal da Lua com a Mãe Divina. O astro das noites sendo, em certos grupos sociais, o princípio e o reservatório do mana divino, era normal que à morte do homem — ou pelo menos alguns homens — dele viessem, quando cessava sua existência espaço-temporal, a se incorporar ao dinamismo lunar.
Não se objetava que as estrelas e os planetas estavam muito longe para que o ser humano aí chegasse, posto que no universo da matéria energética, o espaço se encontra abolido.