IBN ARABI – SABEDORIA DOS PROFETAS
[A essência de sua sabedoria é a singularidade [ou “incomparabilidade”], porque ele era o indivíduo mais perfeito da raça humana1. É por isso que o ato criativo (al-amr) começou com ele [como um protótipo permanente] e terminou com ele; pois, por um lado, ele era “um profeta, enquanto Adão ainda estava entre a água e o barro”2, e, por outro lado, ele foi, em sua existência terrena, o “selo” (khatim) de todos os profetas ((Ele é chamado de “Selo dos profetas”, porque não há mais profetas depois dele, até o final do atual ciclo da humanidade. O papel de “selo” implica em uma síntese do que foi feito antes: a mensagem de Maomé confirma e resume as mensagens dos profetas anteriores. Por meio de sua realidade espiritual e, portanto, “interior”, Maomé é necessariamente identificado com a Palavra eterna; por outro lado, seu papel cíclico “completa” a manifestação terrena da Palavra. Essa polaridade dos dois aspectos principescos e temporais do Profeta está situada em uma “dimensão” cósmica diferente daquela das duas “descidas” de Cristo, a primeira das quais anunciava o fim do ciclo atual, enquanto a segunda abriria o ciclo futuro.)
Isso não significa, na visão de Ibn Arabi, que Jesus era menos perfeito do que Maomé; apenas que a perfeição do primeiro está, de alguma forma, fora da série de seres humanos, pois Cristo não teve pai humano. O Profeta, por outro lado, era totalmente humano, tanto por parte de seu pai quanto por parte de sua mãe. Não é preciso dizer que essas considerações não interferem de forma alguma no dogma cristão, que afirma a perfeita humanidade de Cristo ↩