Jean Klein (JKJU) – realização

tradução

A maioria das religiões afirma que a “Realização” é essencialmente alcançada por meio do desapego e da renúncia. O que devemos pensar sobre isso?

A “Realização” não é alcançada pela substituição de um modo de vida por outro, mas apenas pela substituição da Ignorância pelo Conhecimento.

O desejo de controlar os sentidos a todo custo e de extirpar os desejos é o erro dos homens cuja capacidade de discernimento é fraca. A cessação da crença de que somos nosso corpo, nossa mente e o autor de nossas ações ocorre espontaneamente, quase sem que percebamos. Ocorre quando compreendemos e adquirimos a convicção, de uma forma que penetrou profundamente em todo o nosso ser, de que os contrastes antipatia-simpatia, repulsão-atração pertencem ao ego. O ego só existe em função de uma identificação, que nada mais é do que um mau hábito, com um objeto da Consciência. O Si, por outro lado, transcende a existência. Consequentemente, como Consciência pura e sem objeto, transcendemos o ego.

O corpo e as faculdades mentais estão em contínua mudança, ao passo que nós mesmos, como o Si, estamos do lado de fora, não afetados, imutáveis. É a Ignorância que faz com que o Si se identifique com aquele que se alegra, age e pensa. Todo ser humano, em ação ou inação, busca a paz, a alegria e a bem-aventurança que são as características do Si, mesmo que, a rigor, o Si não possa ser descrito de forma alguma. Alcançar a “Realização” nada mais é do que “estabelecer-se” conscientemente no Si. Com o desaparecimento de todos os antagonismos e contradições, o Real aparece em sua unidade, que é o Amor.

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