tradução
A maioria das religiões afirma que a “Realização” é essencialmente alcançada por meio do desapego e da renúncia. O que devemos pensar sobre isso?
A “Realização” não é alcançada pela substituição de um modo de vida por outro, mas apenas pela substituição da Ignorância pelo Conhecimento.
O desejo de controlar os sentidos a todo custo e de extirpar os desejos é o erro dos homens cuja capacidade de discernimento é fraca. A cessação da crença de que somos nosso corpo, nossa mente e o autor de nossas ações ocorre espontaneamente, quase sem que percebamos. Ocorre quando compreendemos e adquirimos a convicção, de uma forma que penetrou profundamente em todo o nosso ser, de que os contrastes antipatia-simpatia, repulsão-atração pertencem ao ego. O ego só existe em função de uma identificação, que nada mais é do que um mau hábito, com um objeto da Consciência. O Si, por outro lado, transcende a existência. Consequentemente, como Consciência pura e sem objeto, transcendemos o ego.
O corpo e as faculdades mentais estão em contínua mudança, ao passo que nós mesmos, como o Si, estamos do lado de fora, não afetados, imutáveis. É a Ignorância que faz com que o Si se identifique com aquele que se alegra, age e pensa. Todo ser humano, em ação ou inação, busca a paz, a alegria e a bem-aventurança que são as características do Si, mesmo que, a rigor, o Si não possa ser descrito de forma alguma. Alcançar a “Realização” nada mais é do que “estabelecer-se” conscientemente no Si. Com o desaparecimento de todos os antagonismos e contradições, o Real aparece em sua unidade, que é o Amor.
original
La plupart des religions prétendent que la « Réalisation » est obtenue essentiellement par l’exercice du détachement et du renoncement. Que faut-il en penser ?
Ce n’est pas en remplaçant un mode de vie par un autre que l’on parvient à la « Réalisation », mais uniquement en substituant la Connaissance à l’Ignorance.
Vouloir à tout prix maîtriser les sens et extirper les désirs est l’erreur des hommes dont la capacité de discernement est faible. La cessation de la croyance que nous sommes notre corps, notre mental et l’auteur de nos actes, se produit spontanément en échappant presque à notre attention. Elle survient lorsque nous avons compris et acquis la conviction, d’une manière qui a profondément percuté tout notre être, que les contrastes antipathie-sympathie, répulsion-attraction appartiennent à l’ego. L’ego n’existe qu’en fonction d’une identification, qui n’est du reste qu’une mauvaise habitude, avec un objet de la Conscience. Le Soi, lui, transcende l’existence. Par conséquent, en tant que Conscience pure, sans objet, nous transcendons l’ego.
Le corps et les facultés mentales sont en continuel changement, tandis que nous-mêmes en tant que Soi, sommes en dehors, non affectés, immuables. C’est l’Ignorance qui fait que le Soi s’identifie avec celui qui se réjouit, qui agit et qui pense. Tout homme recherche, dans l’action ou dans l’inaction la paix, la joie et la félicité qui sont les caractéristiques propres du Soi, bien qu’en toute rigueur le Soi échappe à toute qualification. Obtenir la « Réalisation » n’est rien d’autre que « s’établir » sciemment dans le Soi. Tous les antagonismes et toutes les contradictions ayant disparu, le Réel apparaît alors dans son unité qui est Amour.