O corpo está presente e tem forma, mas de que depende essa forma? O que veio antes da forma? O que veio antes de toda a existência?
Você acha que é responsável pelas ações do corpo, porque acredita que é o corpo. Às vezes, você se sente muito cansado e, às vezes, tem um prazer limitado. Você experimenta uma perda de tudo, dia após dia, devido à sua identificação com o corpo e, por fim, experimenta a morte. O motivo dessa conversa é chamar sua atenção para a irrealidade dos assuntos mundanos e corporais.
Na verdade, as atividades começam com o surgimento do “eu sou”, a consciência, que apareceu sem ser convidada. Suas lutas e esforços diários são fúteis porque sua existência, como corpo, é limitada pelo tempo e temporária.
A consciência é a raiz da criação, manutenção e dissolução do mundo; é o “conhecimento”, seu senso de existência. É também o amor-próprio e a confirmação sem palavras de nossa existência. O conhecimento transitório do “eu sou” não é apenas a sua existência, mas a existência do mundo inteiro. Seu mundo nasce no conhecimento do “eu sou”, sem o qual o mundo não surgiria. O que é, então, que morre? A existência é limitada pelo tempo; ela teve um início (seu chamado nascimento) e em algum momento terminará (sua chamada morte). Desde o seu primeiro aniversário, você vem contando a sua vida.
“Nascimento” significa ter ouvido a notícia de sua existência ou beingness, e a mesma notícia se aplica a todo ser vivo. Antes da notícia, o “eu sou” da pessoa não era aparente. O que é essa notícia? A notícia é que a pessoa é, que ela existe. Assim que você diz “eu”, o ego entra, e seu sucesso ou fracasso mundano vem em seguida. Você está sofrendo porque se identifica como um corpo, mas, na realidade, sua verdadeira natureza é o Parabrahman (Realidade Suprema), onde a existência está ausente. Por causa da identidade do seu corpo, você se sente separado do que realmente é.
Em seu estado antes da concepção, você era completo de todas as formas possíveis, totalmente livre e sem escravidão. Você é livre mesmo agora. Sua aparente escravidão atual é a convicção de que você é apenas um corpo e é um homem ou uma mulher.
Ao acordar, a entidade aparece — ela é chamada de “eu” e é a consciência “eu sou”. Você precisa saber a origem de sua consciência — como ela existe e por que apareceu. Isso é difícil de saber. Aquele que não tinha o sentido de ser e que veio a conhecer esse sentido de ser é chamado Paramatman, o Ser Supremo. As palavras não podem durar, mas o Supremo sim.
Nosso senso de ser indica a presença do Brahman manifesto — o Absoluto. Em vez de se identificar com o Absoluto, a maioria das pessoas se identifica com o corpo, o que leva a uma existência miserável. O “Eu sou” é sem forma, autossuficiente e cheio de luz. Sua luz ilumina todas as dez direções, e essa iluminação é chamada de mundo. O que você é em sua essência é Brahman. Isso foi descrito por muitos nomes e é difícil de ser compreendido por aqueles que são ignorantes ou não sabem. Os realizados sabem que são o Absoluto e que a consciência é o anúncio do Absoluto. Nosso Sadguru (o verdadeiro Guru) é a Realidade Suprema. Embora nem o visível nem o invisível possam tocar Parabrahman, tudo expressa Parabrahman.
O Si conhece espontaneamente sua existência, embora não tenha cor, forma ou formato. Quando conhecemos nosso Si, então, sem esforço e espontaneamente, também conhecemos o corpo e suas ações, a mente e seus pensamentos e a respiração vital (prana). Mas essa testemunha não tem nome. O Eterno é nosso estado absoluto natural, e ser isso é nossa verdadeira religião. Entretanto, não conhecemos nossa identidade além do corpo até que compreendamos o Si.
Você deve perceber que Maya (ilusão) é temporária e limitada no tempo. Tudo está em movimento, sempre fluindo. O que quer que consideremos ser está sempre mudando, e essas mudanças não podem dar companhia duradoura ao Eterno. Como o nascimento e a morte são conceitos de Maya, a consciência não é afetada pelo nascimento e pela morte, pois são apenas aparências.
Embora a aparência da consciência seja feliz, em geral, essa consciência leva à miséria. Com o conhecimento mínimo de sua existência, vem o início do amor e do apego. Muitas palavras indicam o amor e a devoção pelo próprio ser. A pessoa tem devoção por sua forma temporária.
Uma pessoa coerente com esse ensinamento sabe que sua forma é luz, Deus ou consciência. Essa pessoa recebe o conhecimento do Si e vê suas esperanças, desejos e anseios satisfeitos, de modo que não precisa mais buscar; enquanto houver busca, não haverá conhecimento do Si, nem abundância. Aqueles que pensam que são o corpo e as qualidades que ele contém experimentam a morte. Mas, na realidade, não há morte.
Seu ser é uma imagem espelhada da realidade, e não a própria realidade — assim como a fotografia de um objeto não é o objeto real. O Si é onipresente, além do nascimento e da morte, e além do tempo. O Si não é um indivíduo. Ele é manifesto; é infinito e sem limites. Você pode reconhecer essa verdade por si mesmo se aderir à sua consciência como conhecimento e Deus.