Schuon (RMI) – Transcendência e Imanência

Transcendência e Imanência

Sempre naquilo que concerne as reverberações dos aspectos ou modos do Soberano Bem, há também a relação de transcendência e aquela de imanência a ser considerada, a primeira se associando todavia ao aspecto de Absoluto, e a segunda, àquele de Infinito. Sob a primeira realça, Deus só é o Bem; ele só, possui, por exemplo, a qualidade de beleza; a respeito da Beleza divina, a beleza de uma criatura não é nada, como a existência ela mesma não é nada ao lado do Ser divino; esta é a perspectiva de transcendência. A perspectiva de imanência parte também do axioma que só Deus possui as qualidades e a realidade; mas sua conclusão é positiva e participativa, quer dizer que se dirá que a beleza de uma criatura — sendo da beleza e não seu contrário — é necessariamente àquela de Deus, pois que desta não há outra; e da mesma forma para todas as outras qualidades, sem esquecer, em sua base, o milagre da existência. A perspectiva da imanência não extingue — como aquela da transcendência — as qualidades “criaturais”, ao contrário ela as diviniza, se assim se pode expressar.

Frithjof Schuon