Heinrich Zimmer
*Filosofias da Índia
**Aquele que tiver experimentado o Eu universal (Brahman) como cerne e substância (atman) de sua própria natureza ficaria imediatamente liberado das esferas da fenomenalidade — tecidas de ignorância que encobrem o Eu com véus superpostos — não fosse a inércia advinda de suas ações anteriores (tanto de sua vida atual como de vidas passadas) que o faz prosseguir, mantendo por um tempo sua aparência fenomênica de corpo e de “indivíduo”. Este impulso cármico vai desaparecendo gradualmente ao longo dos últimos anos do sujeito, e suas sementes transformam-se em frutos, vindo a ser as experiências e acontecimentos que afetam o que resta de indivíduo fenomênico; mas a consciência própria do liberado, tendo sua morada no Eu, permanece inabalável. Embora continue associado a um corpo e a suas faculdades, não é perturbado pelas sombras da ignorância. Prossegue movendo-se entre as formas e as situações temporais; contudo, reside para sempre na paz. Quando chega o momento de sua liberação final — seu supremo isolamento (kaivalya), sua “liberação sem corpo” (videha-mukti) — e cai a casca residual de sua antiga falsa impressão de si mesmo, nada acontece na esfera da eternidade na qual ele realmente mora, e na qual, se o soubéssemos, todos nós moraríamos de fato.
vidêha-mukti
TERMOS CHAVES: liberação