Noumenalidade está presente onde e quando a fenomenalidade estiver presente, pois nenhuma delas pode ter existência independente.
Todo fenômeno, a cada momento, é então noúmeno e é, portanto, um centro, o centro de uma infinidade e de uma eternidade das quais, uma vez que são, por definição, sem limites, o centro deve necessariamente estar por toda parte e sempre.
Esse é o único sentido em que qualquer fenômeno pode ser eu e, nesse sentido limitado, todo fenômeno senciente é necessariamente eu em cada ato de senciência, onde e quando quer que esse ato ocorra.
Toda aparência sensível pode dizer “eu”, portanto, embora ela mesma nunca possa ser “eu” como aparência. Consequentemente, no plano numênico, sou eu que realizo tal ato, onde e quando quer que ele seja realizado, e por qualquer fenômeno sensível que tal ato pareça ser realizado. Mas nem o executor (objetivo) do ato nem o ato (objetivo) em si jamais poderão ser eu, pois são apenas uma dualidade fenomenal.
Isso não é fácil de dizer; talvez não seja fácil de compreender, mas ver isso é ver o que somos.
Entretanto, ver não é suficiente, embora sua expressão alcance o limite da função das palavras, pois as palavras, estando sujeitas à dualidade, não podem transformar ver em ser — o que é desidentificação.