Por isso, no coração desta Cidade de Deus mora (sete) o Eu onisciente e imortal, “este Eu e Soberano imortal do eu”, como Senhor de tudo, Protetor de tudo, Regente de todos os seres e Controlador Interno de todas as forças da alma que o cercam como se fossem súditos; (7) e “as forças da alma (devata, prana), a voz, a mente, a visão, a audição e o olfato rendem tributo a Ele (Brahma) que continua em Pessoa (purusha) e ali jaz estendido (uttanaya sayanaye) e entronizado (brahma-sandhim arudha, atrasada)”.
Aqui a palavra estendido estabelece um significado já implicado na etimologia da cidade, em que kei inclui o sentido de deitar-se estendido ou alongado. (9) A raiz contida em estendido e em uttana é a raiz grega teino e a sanscrítica tan com o significado de estender, prolongar (em grego tonos) um fio; daí também se derivam tom e tenuis, em sânscrito tanu ou fino.
Não só estes mundos são uma cidade ou Eu sou uma cidade, como somos cidades populadas, e não terras desertas, porque Ele as preenche, “estando Ele próprio ali como está e estando muitos dos seus filhos aqui” (Satapatha Brahmana X.5.2.16). “Que, dividindo-se infinitas vezes, enche (purayati) (10) estes mundos. . . dele provêm continuamente os seres animados” (Maitri Upanixade V.26). Ou, com referência específica às forças da alma que há dentro da cidade individual, “dividindo-se em cinco partes, Ele fica oculto na caverna (do coração). . . Depois, havendo irrompido pelas portas das forças sensíveis, Ele passa a fruir o que sentiu. . . E assim o corpo d’Ele fica em poder da consciência, Ele é o guia desse corpo” (ibid., II.6.d). (11) No entanto, a divisão é apenas um modo de dizer, pois Ele continua “não dividido em seres divididos” Bhagavad Gita XIII. 16, XVII.20), ininterrupto (anantaram) e por isso deve ser considerado uma presença total e indivisa. [Coomaraswamy]