Guénon (HDV) – Personalidade

René Guénon — O Homem e seu Devir segundo o Vedanta
Tudo isso que é dito neste capítulo, por Guénon, sobre o Si Mesmo e o «eu», só tem sentido a princípio, segundo o resumo de Jean-Pierre Laurant, do ponto de vista humano e daí resulta que «a individualidade humana é ao mesmo tempo muito mais e muito menos do que creem ordinariamente os ocidentais: muito mais, porque nada conhecem senão a modalidade corporal, que não é senão uma porção ínfima de suas possibilidades; mas também muito menos, porque esta individualidade longe de ser realmente o ser total, não é senão um estado deste ser, entre uma indefinidade de outros estados cuja soma ela mesma ainda não é nada com relação à personalidade, que só é o ser verdadeiro, porque ela só é seu estado permanente e incondicionado, e que não há senão isso que possa ser considerado como absolutamente real».

A verdadeira universalidade do Vedanta escapou aos ocidentais limitados pelas categorias aristotélicas; a noção que dele se aproxima mais é aquela dos «Transcendentais» escolásticos que são coextensivos ao Ser mas não vão além.

A Escolástica permanece ao nível de Ishwara e ignora o Supremo Brama.

A continuidade entre Si Mesmo e «eu» é tornada possível pela adaptação da doutrina do Vedanta à hierarquia dos estados de existência. A descrição de Guénon parece ser o contrário de nosso pensamento fundado sobre as categorias de Aristóteles.

Pode-se se perguntar no entanto se não permaneceu impregnado; a ideia de uma manifestação sutil parece pertencer ao pensamento gnóstico ao invés da Índia.

Ela era amplamente disseminada nos meios ocultistas, por vezes sob formas bizarras.

A origem das almas no domínio sutil fez objeto de desenvolvimentos muito detalhados na «Via perfeita» de A. Kingsford, obra que inspirou a duquesa de Pomar em quem foi criada justamente a Igreja gnóstica de Jules Doinel.

Por outro lado, os Darshanas não foram apresentados por Guénon como vias separadas de realização mas hierarquizadas à maneira do pensamento filosófico ocidental.


Guénon – Hinduísmo