O Uno absoluto é o Caminho [Tao] que permeia todo o mundo do Ser. Melhor dizendo, ele é o mundo inteiro do Ser. Como tal, ele transcende todas as distinções e oposições. Portanto, do ponto de vista do Caminho, não pode haver distinção entre o “verdadeiro” e o “falso”. Mas será que a linguagem humana consegue lidar com essa situação? Não. Pelo menos não da maneira como a usamos. “A linguagem”, de acordo com Zhuangzi, “é diferente do sopro do vento, já que o falante supostamente tem algo a transmitir”. No entanto, a linguagem, da forma como a usamos, não parece transmitir um significado real, porque aqueles que discutem sobre o acerto de “isto” e o erro de “aquilo”, ou a bondade de “isto” e a maldade de “aquilo”, etc., por exemplo, os dialéticos, estão “falando sobre objetos que não possuem conteúdos fixos definidos”.
[Toshihiko Izutsu – Sufismo e Taoismo]Será que eles estão realmente dizendo alguma coisa [significativa] ou não estão dizendo nada? Eles acham que sua fala é diferente do chilrear dos pássaros. Mas que diferença isso faz, não é que não há diferença alguma?
Onde está oculto o Caminho [para essas pessoas], que existe o “verdadeiro” e o “falso”? Onde está oculta a Linguagem [no verdadeiro sentido da palavra], que existe o “certo” e o “errado”?….
[O fato é que] o Caminho está oculto por virtudes mesquinhas e a Linguagem está oculta pela vanglória. Por essa razão, confucionistas e mouros discutem sobre o “certo” e o “errado”, alguns considerando “certo” aquilo que os outros consideram “errado”, e alguns considerando “errado” aquilo que os outros consideram “certo”.
Se quisermos afirmar [em um plano mais elevado] o que ambos os lados consideram “errado” e negar o que eles consideram “certo”, não há meio melhor do que a “iluminação”.