Abhinavagupta: Tantraloka I – Estrofes Finais (Silburn)

330. O Si é luz consciente indivisível: é coextensivo com todas as energias. Escondendo sua própria grandeza, Ele parece cativo (baddha). Sua liberação resulta da manifestação de sua natureza essencial (svabhāva): a efusão luminosa do Si. Uma vez que [essa liberação] tem vários modos, assume várias formas: o objetivo deste [capítulo] foi descrevê-las brevemente.

331. O conhecimento errôneo, que é a escuridão, dá origem àquelas imperfeições que são defeitos que obstruem a visão e, por causa de sua presença, o conhecimento [verdadeiro], embora puro em essência, parece manchado; mas, se esses defeitos de visão desaparecerem, esse obscurecimento da visão será inteiramente dissipado. Como poderia então permanecer a mais leve suspeita de impureza?

332. Ó Totalidade das coisas (bhāvavrāta)! Apoderas-te à força dos corações humanos e atua, como um ator, para esconder, sob muitos desvios, o coração do Si (ãtmahŗdayam). Aquele que a chama de insensível (jada) é o insensível, alegando falsamente ser dotado de um coração (sahŗdayam). E, no entanto, parece-me que nessa insensibilidade reside [precisamente] o louvor, pois nisso se assemelha a Ti!

333. Toda impureza desapareceu, conhecendo o Supremo assim como o inferior, feitos da própria natureza de Śiva, aqui estão os mestres qualificados para a busca [mística]. Qual é então a utilidade de [pedir-lhes] para afastar a infâmia da aversão?

334. Assim termina este capítulo do Tantrāloka composto por Abhinava[gupta] no qual a natureza e as variedades do conhecimento discriminativo (vijñānasattā) são expostas.

Abhinavagupta (950-1016)